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O mercado de planos de saúde sofreu, nos três primeiros meses deste ano, uma perda de 10,6 mil usuários quando comparado ao fim de dezembro. "É a primeira vez que o setor registra uma variação negativa num primeiro trimestre desde 2005", disse Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge).
As baixas foram verificadas nos planos individuais e coletivos por adesão (quando a contratação é feita por meio de entidades de classe). "As quedas estão relacionadas à diminuição no poder aquisitivo das pessoas com o aumento da inflação. Ainda não dá pra dizer que o desemprego é a causa dessa redução porque os planos de saúde empresariais cresceram", explicou Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
O que chama atenção no desempenho do setor neste primeiro trimestre é a reversão de tendência que, até então, era de alta. Entre janeiro e março, a variação foi negativa em 0,02% e no trimestre imediatamente anterior, houve crescimento de 0,7% no volume de pessoas com convênio médico, segundo dados do IESS que leva em consideração o trimestre anterior em mesmas bases de comparação. No período de 2000 a 2014, o mercado de planos de saúde cresceu 53% e atingiu 50,8 milhões de usuários - com isso, hospitais e laboratórios de exames ampliaram suas instalações para atender a demanda.
"Nos últimos dois anos, o setor de planos de saúde cresceu por causa da classe C que entrou no mercado de trabalho formal. É preocupante se o desemprego atingir fortemente o setor de serviços, onde está essa população. Um dos maiores receios das pessoas da classe C é perder o plano de saúde se forem demitidas", disse Carneiro. Dificilmente essa camada da população consegue adquirir um plano de saúde individual devido ao valor elevado.
Os representantes da Abramge e IESS destacam que se o desemprego continuar crescendo, o segmento de planos empresariais, que hoje representa 66% do total, será o próximo a ser afetado, com fortes chances de o setor como um todo chegar a dezembro com queda - o que seria a primeira redução desde 2002. "Se o setor encerrar o ano com estabilidade já será um ganho. Mas há uma tendência de queda porque só em maio foram fechados 115 mil postos de trabalho, o que afeta diretamente os planos de saúde empresariais", disse Abbatepaolo.
O superintendente-executivo do IESS ressaltou que o mercado de convênios médicos teve um desempenho bem distinto entre as várias regiões do país no primeiro trimestre, em relação aos três primeiros meses de 2014. A variação negativa foi puxada pela performance do Sudeste. Já o Centro-Oeste registrou uma variação positiva de 4,6% no número de contratos no mesmo período de comparação.
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