Um levantamento inédito feito pela Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados) mostrou que sete em cada dez hospitais de ponta do país não conseguiram executar seus planos de investimentos em expansão (72,6%) e em novas contratações (70,6%) em 2023 por falta de recursos financeiros. Quase dois terços (63,5%) também não investiram na renovação de seus parques tecnológicos. A pesquisa foi realizada com 66 instituições associadas, na primeira semana de dezembro.
A estimativa é que R$ 3,6 bilhões deixaram de ser investidos no ano passado. A crise enfrentada pelo sistema de saúde suplementar, que tem provocado atrasos de pagamentos por parte dos planos de saúde, é um dos principais pontos atribuídos ao cenário. As operadoras, por sua vez, negam que tenham contribuído com a situação.
A redução da dependência dos hospitais brasileiros em relação às operadoras de saúde é um desafio complexo, mas existem algumas estratégias que podem ser consideradas para promover maior autonomia financeira e operacional, explica Marcelo Carnielo, especialista em gestão de custos hospitalares e diretor de Serviços da Planisa, empresa com expertise em serviços de consultoria para otimização da gestão de custos.
“Atuar na prevenção, promoção e cuidados primários para reduzir demandas hospitalares, atuando em todo o ciclo do cuidado; explorar outras fontes de receita, como parcerias com farmácias, serviços de telemedicina, serviços laboratoriais, de imagem, entre outros; e especializar-se como centros de tratamento de doenças específicas, como forma de atrair nichos específicos, muitas vezes ignorados em hospitais gerais, são algumas das medidas que podem ser tomadas”, lista.
Desenvolver seus próprios planos de saúde por meio associações de hospitais, além de programas de captação de recursos filantrópicos junto à comunidade local e empresas são outras medidas destacadas.
Carnielo elenca outras ações que podem contribuir no gerenciamento dos hospitais:
“É importante destacar que a implementação dessas estratégias pode variar de acordo com a realidade de cada hospital e região. Além disso, uma abordagem integrada e colaborativa entre os diversos stakeholders do setor de saúde pode ser fundamental para o sucesso dessas iniciativas”, conclui.