Levantamento realizado pela Anahp, com 66 associados, indica que as dificuldades enfrentadas pelo sistema de saúde suplementar começaram a provocar uma redução no ritmo de investimentos nos hospitais privados do País. A pesquisa, feita entre 1 e 8 de dezembro, destaca, inicialmente, que 72% dos hospitais não conseguiram executar seus planos de investimento em expansão, 63% em investimentos para renovação do parque tecnológico e 70% em novas contratações de pessoal.
“A maioria absoluta dos hospitais sofreu em 2023 com uma redução nas suas disponibilidades financeiras. Esse fator, somado ao custo para obtenção de empréstimos e financiamentos, determinou prioridade absoluta na gestão do caixa, corte de custos e suspensão, adiamento ou cancelamento de investimentos”, esclarece o diretor-executivo da Anahp, Antônio Britto.
A Anahp mostra, por meio da tabela apresentada a seguir que, em valores absolutos apenas entre os 66 hospitais que responderam à pesquisa, um valor aproximado de R$ 3,9 bilhões deixou de ser investido nesse ano nas instituições associadas, com a decisão de adiar ou cancelar a expansão de áreas, modernização tecnológica ou ampliação de equipes.
Neste cenário, a pesquisa aponta como principal tendência para o próximo ano a estabilização dos investimentos em relação aos níveis de 2023 para 42% dos hospitais, mantendo uma situação de adiamento ou cancelamento de ampliações; redução ainda maior dos investimentos para 15% das instituições; inexistência de novos investimentos para 11% dos hospitais e, para 30%, ampliação em comparação com 2023.
“A saúde suplementar vive problemas estruturais que foram agravados conjunturalmente. Nos últimos meses, notou-se uma leve melhora nos indicadores, mas isto não significa que estejam sendo enfrentadas as causas verdadeiras dos problemas. Com isso, a perspectiva para 2024 precisa somar os dois fatores: provavelmente menos dificuldades conjunturais em relação a 2023, mas seguramente um cenário que estará muito longe de representar a superação dos problemas vividos, até porque, insistimos, estes decorrem de fatores estruturais que apenas serão superados com a adoção de reformas no sistema”, afirma o executivo.
De acordo com Britto, alguns exemplos de mudanças que possuem unanimidade do setor mas que não têm avançado o suficiente são: confiança mútua e ações conjuntas entre prestadores e operadoras, ações em prevenção e promoção da saúde, interoperabilidade de dados, mudança significativa da forma de remuneração pelos serviços prestados, utilização de indicadores e programas de desfecho para avaliar os hospitais e ampliação da telemedicina.