Em meio às incertezas econômicas e a um contexto global delicado, o setor de saúde deve enfrentar outro ano desafiador em 2024. No Brasil, segundo projeções da Fitch Ratings, embora haja a expectativa de uma melhora lenta e gradual das margens operacionais, a pressão dos custos e a dificuldade nas negociações de preços vão seguir atrasando a recuperação da rentabilidade das instituições, sejam elas públicas ou privadas. Soma-se a isso a desaceleração dos investimentos, escassez de mão de obra qualificada, adoção de novas tecnologias e a atenção à cibersegurança.
"O setor vive um momento bastante complexo, um dos piores cenários das últimas décadas. Mas mesmo em meio à tormenta, há uma crescente de oportunidades que podem reverter esse cenário. A gestão estratégica será o grande divisor de águas para a saúde em 2024, já que a partir dela é possível corrigir rotas, ampliar o foco no paciente e gerar uma perceptível melhora nos resultados", afirma Cesar Griebeler, VP de Tecnologia do Grupo Pulsati, especializado na oferta de soluções tecnológicas para o segmento.
Relacionado: Depois de um ano de incertezas, operadoras esperam retomada em 2024
De acordo com o Gartner, os custos gerais e de fornecimento (35%) e a concorrência na indústria médica (32%) são duas preocupações importantes das instituições de saúde para o próximo ano. Questões que, segundo Griebeler, podem ser solucionadas com uma gestão eficiente. "Grande parte do setor ainda trabalha em um modelo manual de controle de custos, gerenciamento de equipes e coordenação de fornecedores. Implementar ferramentas tecnológicas e processos que possam endereçar essas questões é fundamental para uma melhor análise de dados e tomada de decisões", afirma.
O uso de Big Data, inclusive, deve ser uma das principais tendências do próximo ano, já que pode fornecer informações valiosas para alocação de recursos e para uma oferta mais assertiva de serviços aos usuários. "São três as grandes áreas para o uso de dados: medicina de precisão, prontuários eletrônicos e inteligência artficial", diz Griebeler.
A necessidade de uma maior precisão de diagnósticos, com enfoque na prevenção, irá acelerar ainda mais o uso da inteligência artificial nas instituições de saúde. Projeções da IDC apontam um aumento de 60% na adoção dessas soluções até 2025. O setor irá aproveitar a GenAI para lidar com a fragmentação de dados e fluxo de trabalho em ambientes de atendimento. De acordo com um relatório do Morgan Stanley, mais de 10% do orçamento total do setor deverá ser reservado para promover IA e aprendizado de máquina em 2024, contra cerca de 5% em 2022.
"Importante destacar que esse acelerado crescimento traz consigo novos regulamentos para a utilização da IA. No próximo ano, movimentações importantes nesse sentido devem acontecer na União Europeia. As instituições brasileiras devem acompanhar essas discussões e estar preparadas para uma implantação efetiva da inteligência artificial", afirma o VP de tecnologia da Pulsati, que ainda reforça. "É preciso que cada entidade entenda a sua necessidade de adoção de IA e comece pequeno, com o apoio de especialistas e de outras ferramentas de ponta. Softwares desenvolvidos com base em IA podem ser um bom caminho para ingressar nessa jornada".
A integração de novas tecnologias, como a telemedicina e os registros médicos eletrônicos, tem o potencial de otimizar a gestão e melhorar o atendimento ao paciente. Até 2026, impulsionadas pela demanda para dimensionar experiências hiperpersonalizadas, melhorar a colaboração e promover a equidade, 60% das organizações globais de saúde irão duplicar os investimentos da GenAI.
Se por um lado o paciente no centro será o foco do ano para as instituições, por outro a segurança dessas informações deverá ser preocupação número um. Isso porque o período de cinco anos da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os estados membros desenvolverem uma estratégia segura para a saúde digital termina em 2024, levando vários países, incluindo o Brasil, a elaborar uma legislação melhor para proteger informações pessoais sensíveis dos cidadãos.
O relatório The State of Ransomware in Healthcare 2023, feito pela empresa de cibersegurança Sophos, mostrou que 75% das instituições de saúde ouvidas tiveram dados criptografados em ataques de ransomware - a maior taxa de criptografia do mercado nos últimos três anos. "Saúde é um setor de missão crítica e precisa ser encarado como tal. Para aproveitar todo o potencial dos avanços tecnológicos oferecendo serviços de excelência e otimizando recursos, as instituições precisam estar atentas à segurança dos dados que transitam entre clientes, parceiros e servidores, bem como àqueles armazenados. Contar com softwares avançados, suporte e sustentação são fundamentais para estratégias eficazes, capazes de garantir o crescimento sustentável", finaliza o especialista.