O 10º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, organizado pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, teve mais de 45 painéis, ministrados por cerca de 200 palestrantes nacionais e internacionais, que discutiram temas como prevenção, legislação, diagnóstico e tratamento.
Logo na abertura, o foco central do debate foi “Câncer e Sistemas de Saúde – Cenário atual e como estamos nos preparando para o enfrentamento futuro”.
Dra. Catherine Moura, Médica Sanitarista e líder do Movimento TJCC apresentou uma pesquisa inédita, feita a partir de entrevistas com especialistas e que trouxe a visão sobre a Oncologia dividida em alguns eixos: Políticas Públicas; Assistência; Gestão e Financiamento; Formação e Qualificação Profissional em Oncologia; Pesquisa e Desenvolvimento Biotecnológico; Participação Social; e Ecossistema da Saúde.
Entre os resultados obtidos, 29% dos participantes acreditam que o investimento em prevenção é a maior prioridade para a próxima década no Brasil. Já 21% dos entrevistados entendem que é necessário haver ampliação da rede assistencial pública, enquanto 15% afirmaram que é preciso ter maior conscientização e educação em saúde por meio de campanhas nacionais e regionais.
“É imprescindível um engajamento de todos os atores, assim como reforçar o compromisso público, a agenda prioritária de Estado, para o efetivo enfrentamento do câncer. Este é um problema complexo, cuja a solução se mostra multissetorial e intersetorial”, disse Dra. Catherine Moura.
A plenária de abertura também contou com a presença de especialistas para comentarem sobre como enxergam o cenário atual da atenção oncológica e o que esperam para os próximos anos.
Dr. Nelson Teich, oncologista, ex-ministro da Saúde e OPM pela Harvard Business School, falou sobre a importância dos dados para que o sistema de saúde funcione.
“No Brasil, os dados precisam ser regionalizados. Nosso país é desigual. Sem regionalizar, nada vai acontecer. Sem informação, não conseguimos ver diagnóstico, tratamento, inovação. O gestor precisa olhar para o todo. Sem isso, não vai conseguir liderar e coordenar o sistema”.
Dra. Ana Maria Malik, professora titular da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV, falou sobre o financiamento.
“Nunca vai haver dinheiro para tudo na Saúde. A jornada começa muito antes do diagnóstico. O câncer não é um só. O paciente tem que ser contemplado em todos os momentos. É preciso pensar em transição de cuidados. O que vai levar à sustentabilidade? Uma visão que contemple o paciente em todos os momentos”.
CÂNCER ANTES DOS 50 ANOS
Apesar da estreita relação entre o envelhecimento e o desenvolvimento de câncer, estudos recentes vêm demonstrando o aumento da incidência das neoplasias na população com menos de 50 anos de idade nas últimas décadas.
Nina Melo, coordenadora de pesquisa do Movimento TJCC, apresentou estudo realizado em 2016, pelo Observatório de Oncologia, plataforma de análise de dados abertos, sobre os 19 tipos de câncer com maior prevalência em adultos-jovens.