Na semana passada vimos em todas as mídias da imprensa o lamentável anúncio do Hospital São Paulo (UNIFESP) informando que as cirurgias eletivas seriam todas suspensas em função da falta de recursos.
Hoje foi o Hospital Universitário (USP) informando que perdeu 20 % dos seus leitos neste ano devido ao corte de despesas.
No ano passado ficou em evidência a agonia da Santa Casa que mesmo com movimentos de reorganização que dão alguma esperança, ainda está muito distante de superar sua crise.
Na Cidade de São Paulo, só falta o HC e o Dante anunciarem cortes no atendimento, e infelizmente é sabido que o orçamento destes hospitais foi reduzido – não gostamos de pensar nisso, mas tudo leva a crer que é uma questão de tempo para o anúncio.
Para as pessoas que podem pagar planos de saúde isso passa praticamente desapercebido, mas para quem é do segmento, e para os que dependem exclusivamente do SUS, isso significa o fim da quase inexistente rede de excelência de atendimento SUS na Cidade de São Paulo.
Infelizmente são poucas pessoas que entendem o significado do momento que estamos passando:
Quando vemos na mídia uma personalidade sendo atendida em um hospital privado considerado ‘top’, ‘vem de carona’ o médico que é professor da UNIFESP, da USP, da Santa Casa, da UNICAMP…
É muito comum quando somos atendidos em um hospital destes observar o médico utilizando o ‘jaleco’ da universidade, como um autêntico e verdadeiro ‘cartão de visitas’.
O ministro, o secretário estadual, o secretário municipal da fazenda não tem a dimensão do que significam estes hospitais para o sistema de saúde:
Não lógica alguma: a saúde pública que há alguns anos não tem orçamento adequado e presta um péssimo serviço à população, ainda tem corte de orçamento!
O corte do orçamento deste tipo de hospital arruína o SUS imediatamente, e traz danos irreversíveis à saúde suplementar no médio prazo.
O pior é que as próximas eleições para governo e presidente só ocorrerá daqui há alguns anos, ou seja, nem mesmo como argumento de campanha temos a perspectiva de que alguma coisa será feita no curto prazo para melhorar o cenário. As eleições do ano que vem (prefeitos) não têm como ajudar neste assunto, mesmo sendo objeto de campanha.
E ainda pior é a tendência de redução do número de pessoas que têm plano de saúde nos próximos meses devido à crise, em particular ao desemprego: isso significa um volume ainda maior de pessoas dependendo exclusivamente do SUS.
Utilizei os exemplos dos hospitais públicos de excelência da Cidade de São Paulo para comentar o assunto, mas evidentemente o cenário é exatamente o mesmo nos hospitais deste tipo no interior do Estado de São Paulo, e nos outros Estados da Federação, infelizmente.
Já que não posso fazer nada para mudar o cenário, além de demonstrar profunda indignação, que bom seria se pudesse avançar no tempo rapidamente e esquecer este ‘período sinistro’ da história da saúde no Brasil!