O Einstein acaba de ser certificado internacionalmente pelo selo FACT – Foundation for the Accreditation of Cellular Therapy – para terapia celular com células modificadas. O selo atesta a qualidade e segurança do hospital na manipulação e uso de células como CAR-T e CAR-NK, ambas usadas, atualmente, para o tratamento de cânceres hematológicos como linfoma e mieloma.
O hospital já era o único centro brasileiro a ser acreditado internacionalmente desde 2012 no processo de Transplante de Medula Óssea, e em Hemoterapia, desde 2014, ou seja, para terapia celular sem modificação genética da célula.
A diferença entre terapias celulares de células não modificadas e modificadas está na intervenção humana feita nelas antes da sua reaplicação. Assim, quando o material celular é retirado de outra pessoa ou do próprio paciente e reimplantado em um segundo momento sem nenhuma “adaptação”, como no caso dos transplantes, se trata de uma terapia de células não modificadas. Já a terapia de células modificadas, como ocorre com o CAR-T, se dá quando essas são manipuladas em laboratório, antes de serem recolocadas no paciente em tratamento.
As terapias celulares e gênicas apresentam um potencial revolucionário para um cuidado mais personalizado e efetivo, ao passo que podem ajudar a reduzir ou eliminar a necessidade de tratamentos contínuos que podem durar a vida toda, além de serem alternativas para doenças que ainda não têm tratamentos que promovam respostas satisfatórias.
“Essa acreditação demonstra que o Einstein cumpre regras muito rígidas não só no que tange a manipulação das células, ou seja, como coletamos, estocamos, modificamos e processamos esse material, mas também a aplicação delas exclusivamente em usos aprovados cientificamente”, afirma o hematologista José Mauro Kutner, gerente médico do Departamento de Terapias Avançadas do Einstein.
Não é de hoje que o Einstein é reconhecido na área de terapias avançadas. No segundo semestre deste ano, a organização foi anunciada como Centro de Competência Embrapii em Terapias Avançadas, modelo inédito no país que faz parte do conjunto de ações da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) junto ao Ministério da Saúde para apoiar a indústria nacional do setor em diversas frentes, desde o fomento à pesquisa básica até as tecnologias emergentes.
Antes disso, em 2022, recebeu aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para dar início à aplicação em seres humanos de células CAR-T produzidas em laboratório próprio para o tratamento de linfoma e leucemia. Essa foi a primeira iniciativa do tipo de uma organização acadêmica e hospitalar a ser aprovada pela Anvisa no Brasil.
A organização conduz também estudos na área de terapias avançadas, como com células Natural Killer (NK) para o tratamento de leucemia mieloide aguda (LMA) e terapia gênica para anemia falciforme. Os três projetos fazem parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde.
Além desses, estuda células mesenquimais para o tratamento de malformações congênitas, diabetes e lesões articulares, e condrócitos para lesões de joelho, em parceria com entidades como o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e American Society of Hematology.