A saúde suplementar enfrentou algumas incertezas ao longo de 2023. A imprecisão quanto à frequência de utilização dos planos de saúde pelos beneficiários e a elevação no valor dos insumos diante dos desdobramentos da pandemia marcaram o ano.
Segundo Paulo Rebello, diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras médico-hospitalares fecharam o 3º trimestre de 2023 com resultado operacional negativo acumulado no ano de R$ 6,3 bilhões. Esse prejuízo operacional foi compensado pelo resultado financeiro recorde de R$ 8,37 bilhões, vindo, principalmente, da remuneração das suas aplicações financeiras, que acumularam ao final do período quase R$ 107 bilhões.
Às portas de 2024, a pergunta que se faz é: como o setor pode se recuperar? Alguns pontos representam importantes desafios para a retomada do crescimento. Segundo Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), entre eles destacam-se o fato de não ser possível ao setor ter total controle sobre as despesas, pois 90% delas se referem à sinistralidade, e a limitação de renda, que impacta os reajustes. “Adicione-se a isso a pressão exercida pelas empresas contratantes e a concorrência de empresas que ofertam planos de saúde não regulamentados.”
Segundo Rebello, o setor de saúde precisa evoluir, o que deve acontecer a partir de uma mudança no modelo de gestão adotado pelas operadoras de planos de saúde, que devem deixar de atuar como intermediadoras financeiras e passar a ser gestoras dos cuidados dos beneficiários.
A saúde suplementar enfrentou algumas incertezas ao longo de 2023. A imprecisão quanto à frequência de utilização dos planos de saúde pelos beneficiários e a elevação no valor dos insumos diante dos desdobramentos da pandemia marcaram o ano.
Segundo Paulo Rebello, diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras médico-hospitalares fecharam o 3º trimestre de 2023 com resultado operacional negativo acumulado no ano de R$ 6,3 bilhões. Esse prejuízo operacional foi compensado pelo resultado financeiro recorde de R$ 8,37 bilhões, vindo, principalmente, da remuneração das suas aplicações financeiras, que acumularam ao final do período quase R$ 107 bilhões.
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Às portas de 2024, a pergunta que se faz é: como o setor pode se recuperar? Alguns pontos representam importantes desafios para a retomada do crescimento. Segundo Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), entre eles destacam-se o fato de não ser possível ao setor ter total controle sobre as despesas, pois 90% delas se referem à sinistralidade, e a limitação de renda, que impacta os reajustes. “Adicione-se a isso a pressão exercida pelas empresas contratantes e a concorrência de empresas que ofertam planos de saúde não regulamentados.”
Segundo Rebello, o setor de saúde precisa evoluir, o que deve acontecer a partir de uma mudança no modelo de gestão adotado pelas operadoras de planos de saúde, que devem deixar de atuar como intermediadoras financeiras e passar a ser gestoras dos cuidados dos beneficiários.
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“É preciso evoluir na elaboração de práticas assistenciais que envolvam todos os atores setoriais para melhorar o resultado em saúde. O beneficiário bem cuidado pelo sistema minimiza o risco de todos, reduzindo, inclusive, o grau de conflito no setor”, diz Rebello.
Para Rebello, em 2024, a atuação regulatória exercida pela ANS estará voltada para garantir que os desafios estruturais enfrentados pelo setor possam ser superados, permitindo uma assistência de qualidade aos beneficiários de planos de saúde, sem desconsiderar a sustentabilidade do mercado.
A ANS estabeleceu em sua Agenda Regulatória 2023-2025 alguns temas prioritários de discussão, como melhoria do relacionamento entre operadoras e beneficiários; simplificação da situação do produto; mecanismo de regulação financeira; proporcionalidade na regulação de solvência e nas regras de ativo garantidor; integração entre a saúde suplementar e o Sistema Único de Saúde (SUS); transparência e qualidade de dados e informações do setor; autogestões e avaliação econômico-financeira dos produtos.
Na opinião de Vera Valente, diretora-executiva da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), é preciso que as operadoras invistam em aperfeiçoamento da gestão operacional, combate a fraudes e desperdícios (em 2022, eles consumiram R$ 34 bilhões - 12,7% do faturamento de R$ 270 bilhões das 14 maiores operadoras), em economia de custos, oferta de alternativas que ampliem o acesso à saúde, lançamento de programas de promoção de saúde e inovação.
“O aumento da oferta de planos com cobertura regional e coparticipação também são estratégias buscadas pelas operadoras para modular os preços e garantir a continuidade do acesso aos planos”, destaca Vera.
Na opinião de Rebello, o momento atual é oportuno para o estímulo à disciplina do autocuidado, por meio de programas de promoção de saúde e prevenção de doenças, que devem estar alinhados ao processo de transformação digital.
Em relação ao tema prevenção, Novais lembra que, sim, o ideal seria as operadoras investirem em programas de prevenção, mas, nesse momento, segundo ele, isso é inviável, devido à falta de recursos. “O setor vem contabilizando prejuízos ao longo dos anos. Primeiro, precisamos nos tornar sustentáveis para depois pensar estrategicamente em promoção e prevenção.”
Ele continua dizendo que “o setor precisa investir em produtos que auxiliem as operadoras a acompanhar a jornada do paciente para que ela seja eficiente, o que não ocorre hoje. Precisamos ter uma coordenação de ações para não fazermos, por exemplo, exames que muitas vezes são desnecessários. É preciso modernizar o produto ofertado, pois alguns não conseguem se manter cumprindo as regras atuais, como aqueles que oferecem cobertura nacional. E, claro, temos que avaliar o custo das novas tecnologias ao mesmo tempo em que precisamos analisar o quanto elas são realmente seguras e eficazes.”
Para Novais, essas ações são necessárias para que possam ser enfrentadas as mudanças que o mercado tem vivenciado. “Até alguns anos atrás, quando uma operadora comercializava um plano, existia um prazo de cerca de 14 meses para que fosse alcançada a curva de sinistro projetada. Hoje, esse tempo é de seis meses, ou seja, o beneficiário contrata o plano para efetivamente fazer uso dele, o que gera dificuldade de administração.”
Na FenaSaúde, a principal agenda para 2024 gira em torno do processo de incorporação de tecnologias na saúde suplementar, que tem uma relação direta com a sustentabilidade do setor. Além disso, outras propostas para aprimorar a saúde suplementar incluem:
- A permissão da oferta de planos exclusivos de consultas e exames;
- Revisão das regras de reajuste dos planos de saúde individuais e familiares;
- Revisão dos mecanismos de regulação referentes à coparticipação e franquia;
- Manutenção da natureza taxativa do Rol;
- Defesa do rigor na incorporação de tecnologias;
- Acordos para compartilhamento de riscos com a indústria farmacêutica;
- Mobilização para prevenção e combate às fraudes.
“Os desafios do setor de saúde passam pelas mudanças demográficas e de perfil de morbimortalidade, pela incorporação de novas tecnologias que pressionam os custos setoriais e pela necessidade de uma mudança nos modelos de negócio e de gestão”, diz Vera.
Na sua opinião, a prioridade do setor para 2024 deve ser alcançar uma redução de custos e ampliação de acesso. Já os desafios são vários, e englobam questões como longevidade e envelhecimento da população (projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, aponta que, em 2100, a proporção de idosos deve chegar a 40% da população); a incorporação de novas tecnologias - cada vez mais custosas - e o registro de medicamentos no mercado brasileiro com base em estudos preliminares; mudanças legislativas e regulatórias (que tornaram o critérios de incorporação de novas tecnologias menos rígidos); a judicialização, que representa, segundo Vera um dos desafios mais significativos enfrentados pela saúde suplementar; e o combate às fraudes e desperdícios.
A tecnologia no setor de saúde vem ocupando cada vez mais um papel central nas medidas para racionalizar o uso do sistema, aumentar a eficiência e reduzir custos. Entretanto, sua adoção e disponibilização pelos planos de saúde exigem análises rigorosas de custo-efetividade.
“O sistema precisa ser repensado e reorganizado para fazer frente à transição. A inteligência artificial tem evoluído rapidamente na área da saúde, destacando-se o uso no âmbito da gestão e no combate e prevenção a fraudes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu, em publicação de 2023, o potencial da inteligência artificial como ferramenta para melhoramento da gestão de sistemas de saúde. Com o avanço da segurança, efetividade e eficiência do seu uso, é provável que a inteligência artificial passe a desempenhar cada vez mais um papel importante na saúde suplementar”, analisa Vera.
Para Rebello, o avanço tecnológico na área de saúde vem alterando o curso de diversas doenças que passaram a requerer cuidados continuados, o que exige uma mudança de paradigmas. “Ao pensar nas tendências do setor de saúde para o futuro da assistência, podemos elencar o uso da telemedicina, da inteligência artificial, big data, saúde baseada em evidências, internet das coisas médicas, odontologia em 3D, entre outras. Ou seja, vislumbramos um futuro no qual a tecnologia terá um papel central”, diz.
Novais destaca o papel que a tecnologia deve ter como ferramenta de aprimoramento da gestão. “Precisamos fazer uso da inteligência artificial, de sistemas de informações e de business intelligence para que a oferta e utilização dos serviços possa ocorrer de maneira cada vez mais eficiente.”
Na SulAmérica Seguros e Previdência, o ano de 2023 foi de resultados positivos. A receita líquida atingiu R$ 6,951 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 4,7% em comparação ao trimestre anterior. Heitor Augusto, diretor comercial, conta que isso foi possível por meio de estratégias que englobaram desde o lançamento de novos produtos até o relacionamento cada vez mais próximo com os corretores.
Com base nesse cenário, Augusto diz que a expectativa para 2024 é continuar crescendo, sem perder o foco na rentabilização dos produtos e praças e na qualidade dos serviços. Para alcançar esses objetivos, os caminhos que deverão ser trilhados pela empresa incluem a precificação correta, por meio da gestão do risco na aceitação até o monitoramento ativo dos resultados das apólices, e a gestão de resultado das carteiras dos corretores parceiros. “O conjunto dessas e de outras ações tende a contribuir para o crescimento saudável dos negócios para a companhia.”
Porém, Augusto diz que há muitas variáveis no mercado que podem se tornar desafios para o próximo ano, sendo a economia uma delas. “Manter o crescimento sustentável é a nossa maior preocupação e, na minha área, para que isso aconteça, é necessário equilibrar o mix entre os canais de distribuição, o mix de produtos e a rentabilidade.”
O executivo comenta ainda que a empresa tem focado na renegociação com todos os fornecedores e prestadores de serviços buscando novas oportunidades de ganho de eficiência. “Com este movimento, estamos conseguindo avançar com nossos principais parceiros em pautas importantes, fortalecendo ainda mais nossas posições e mantendo nossos produtos competitivos.”
Por fim, essas metas, para que sejam alcançadas, devem buscar na tecnologia uma aliada. A empresa pretende aumentar seus investimentos em tecnologia, mas de maneira mais eficiente para que alguns objetivos sejam alcançados, como o aumento de receita, redução de sinistros e despesas, e a criação de jornadas mais eficientes para os pacientes.
“O momento atual nos demanda integrar negócios, tecnologia e experiência para solucionar desafios reais das nossas empresas, corretores, segurados e prestadores de serviço”, conclui Augusto.