Sinônimo de governo, órgão de soberania na condução de políticas, o exercício do poder. Muitas são as definições de governança, mas todas denotam sua importância para a administração seja de um departamento, empresa ou País.
Apesar das disparidades relativas à maturidade da gestão nas instituições de saúde brasileiras, o século XXI tem sido encarado como “a era da governança rumo à sustentabilidade”, nas palavras do Mario Vrandecic, fundador e CEO do Biocor Instituto (MG) durante o Saúde Business Forum 2015.
Como é um conceito que abarca um conjunto de processos, regulamentos, decisões e diretrizes que norteiam a direção de uma companhia, a governança acaba sendo o resultado de uma visão sistêmica.
E para alcançar este olhar, imprescindível para qualquer gestor, Vrandecic ataca na causa e não no efeito. “Sem ir na causa não gera o efeito necessário. A governança integrada é saber olhar de cima. Saber definir as coisas em conjunto com o corpo clínico e tendo o paciente no centro”, ressaltou ele durante discussão no Forum.
Munido do método Teoria das Restrições (Theory of Constraints), o experiente executivo percorre o processo de raciocínio: o que mudar, para o que mudar, como promover a mudança e como medir a mudança. E para o passo seguinte, em direção à definição de ações e projetos, Vrandecic sugere o caminho de identificar a restrição, explorá-la, subordinar tudo à restrição, elevá-la e buscar a melhoria contínua.
Parte dessa subordinação à restrição está a necessidade de integrar os diversos setores internos da organização, sendo todos submetidos à harmonização da governança corporativa e clínica. Dessa forma nasce a chamada governança corporativa integrada.
A governança clínica por si só já tem seus desafios na visão do presidente do Grupo São Lucas (SP/Ribeirão Preto), Pedro Palocci. O crescimento e profissionalização das organizações de saúde têm colocado em xeque o modelo centrado no médico e, para a efetiva governança clínica – que prima pela segurança do paciente – essa autonomia do médico tem que ser desafiada. “Esse modelo já não cabe mais na assistência integrada e multiprofissional”, disse, lembrando que o regime de corpo clínico aberto tende a dificultar ainda mais o engajamento dos médicos no processo de governança.
O Hospital São Lucas, com 100 leitos e 1.438 médicos cadastrados (corpo clínico aberto), ainda não encontrou a solução, mas um caminho com a presença de três médicos hospitalistas contratados. O médico hospitalista, que tem visão voltada para a clínica geral, acaba sendo peça fundamental para a visão sistêmica do cuidado de todos os pacientes internados, garantindo o seguimento dos protocolos assistenciais e o apoiando as decisões clínicas. “Não há cultura de segurança sem liderança médica. O médico desalinhado é determinante para a ineficiência operacional e a perda da sustentabilidade”, ressaltou Palocci durante apresentação no Saúde Business Forum.
Tanto o Biocor quanto o Hospital São Lucas definem o plano diretor com base no planejamento estratégico. Vrandecic ressalta a consistência da missão, visão e princípios do Biocor e, ao mesmo tempo, a importância de se ter flexibilidade quanto à estratégia e objetivos, plenamente mutáveis de acordo com o contexto e necessidades do mercado.
ESTRATÉGIAS INTEGRADAS
Sistemas de Business Intelligence (BI) e soluções móveis também exercem papel importante, segundo os gestores, no apoio a decisões e acompanhamento dos resultados. A análise de alguns fatores é fundamental para o acompanhamento do que foi planejado, dentre os mencionados estão: Expansão da Instituição; Eficiência assistencial, incluindo Porta Balão e EuroScore; Procedimentos Médicos Gerenciados; Inovação no Acolhimento; Sustentabilidade, que inclui economia energética e Pesquisa de Satisfação.
O gerenciamento dos resultados permite o levantamento de potenciais problemas e a providência em mitigá-los, a exemplo dos eventos evitados pelo Biocor em 2014 descritos na figura abaixo.