Em 2022, o mercado de medicina diagnóstica no Brasil teve um crescimento em torno de 31% na receita, indo de R$ 35,1 bilhões para R$ 40 bilhões, mesmo com todas as incertezas na economia mundial. Os dados são do “Painel Abramed 2022 – O DNA do Diagnóstico”, realizado anualmente pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica.
O relatório também aponta para um aumento na realização de exames em domicílio – segmento com potencial para movimentar R$ 20 bilhões no País, estima Gustavo Mariozzi, COO da Beep Saúde, startup especializada no serviço de vacinas e exames em casa.
Segundo a Dasa, houve um crescimento de 135% no atendimento domiciliar no período de 2019 a 2023, que foi impulsionado, principalmente, pela pandemia de Covid-19. O que contribuiu para uma mudança no comportamento. Pois, se antes os serviços de saúde do tipo delivery eram usados majoritariamente por pessoas acamadas ou com dificuldade de locomoção, agora também são procurados por quem quer cuidar da saúde, mas sem prejudicar a rotina.
Quando a pandemia de Covid-19 começou “a Beep não surfou na onda do teste de Covid quando ele foi disponibilizado no setor privado. Não pegamos essa fase do teste PCR, porque neste boom, ainda não fazíamos exames laboratoriais, somente a vacinação em casa. A Beep cresceu muito na pandemia, mas cresceu com uma tendência do domiciliar”, conta Mariozzi.
O COO afirma que a tendência é o mercado todo converter para atendimento domiciliar, salvo raras exceções. Pois 100% das coletas para exames laboratoriais pode ser feito em casa. Além disso, o executivo ressalta que fazer exames em domicílio é uma solução muito mais inteligente e prática para a vida das pessoas.
“A pessoa acorda, faz um exame e continua a sua vida em seguida. Na outra opção, enfrenta trânsito, entra em uma fila, senta-se e fica esperando ser atendido, naquele processo moroso e chato”, pontua. Para Mariozzi, só não usa o atendimento domiciliar quem não sabe que essa solução existe, pois o valor é o mesmo e pode ser coberto pelo plano de saúde.
Embora os hábitos em relação ao atendimento em domicílio tenham mudado um pouco, uma pesquisa da agência DM9, encomendada pela Dasa, mostrou que 28% dos entrevistados não sabem como funciona o serviço de exames clínicos e aplicação de vacinas em casa.
Mariozzi conta que quando veio a pandemia, todo mundo, mesmo quem não queria, precisou fazer atendimento domiciliar. Pois foi uma questão de sobrevivência. O executivo explica que o diferencial da Beep é justamente ter desenvolvido, antes da pandemia, um negócio muito eficiente em tecnologia e logística, capaz de oferecer um serviço na casa das pessoas a um preço acessível.
“A Beep é uma empresa nativa digital, montamos um modelo de negócio que é focado no atendimento domiciliar. É aí que está a grande diferença. Hoje, nós vemos muitos fazendo, todos os grandes players, só que estão começando uma coisa meio do zero e eles têm também as clínicas físicas”, diz o executivo.
Segundo ele, é muito difícil esse negócio ser saudável para esses players. Como eles têm o custo das lojas físicas somado com o custo do domiciliar, a margem da vacina e do exame em casa acaba não sendo tão atrativa. Mas, mesmo assim, o COO diz que todos estão fazendo esse movimento, porque o mundo está caminhando pra isso, vai ser cada vez mais natural.
O serviço de atendimento domiciliar de todos eles vêm crescendo significativamente, explica o executivo. “Existe uma tendência forte de caminhar pro domiciliar. Mas, encaramos isso de uma maneira positiva, o mercado é muito grande, não é um problema para a Beep”. Ele avalia que quanto mais se desenvolver a cultura do atendimento em casa, para quem tem um nível muito alto de serviço, como a Beep, isso é uma coisa positiva.
Mariozzi considera que o aumento de empresas no delivery é bom para o mercado e também para o investidor, pois está aumentando a tendência e a cultura do brasileiro em usar um serviço domiciliar. Nesse sentido, ele reitera que o grande diferencial da Beep é ser uma empresa nativa digital, que aprendeu a fazer o delivery com custo eficiente, usando muita tecnologia, roteirizando bem. “São sete anos de tecnologia desenvolvida para o atendimento domiciliar”, ressalta.
Uma parte fundamental da tecnologia desenvolvida para o atendimento domiciliar diz respeito à logística da operação. A Beep trabalha com pontos físicos estratégicos, que funcionam como se fossem clínicas de vacinação e laboratórios, onde as equipes técnicas de atendimento domiciliar começam o trabalho. Os técnicos pegam vacinas que serão aplicadas no dia e os tubos de coleta para os exames laboratoriais, cumprindo processos específicos para o transporte do material e processamento das amostras coletadas:
No caso da Beep, o processamento das amostras é terceirizado. A empresa faz a coleta domiciliar, centrifuga as amostras e manda para um laboratório terceirizado. A empresa não tem maquinário para processamento interno. Mariozzi diz que, dessa forma, consegue oferecer mais de três mil tipos de exames. Para isso, ela tem o apoio do DB Diagnósticos.
Em 2022, a empresa teve R$ 155 milhões de faturamento. Em 2023, a projeção é chegar aos R$ 200 milhões, com cerca de 500 mil atendimentos. “E em 2024, a meta é fazer R$ 250 milhões de faturamento e crescer 30% no atendimento, para fechar o ano com cerca de 700 mil atendimentos”, conclui o executivo.