De acordo com o Ministério da Saúde cerca de 40 mil pessoas vivem com esclerose múltipla atualmente no país. Em todo o mundo, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 2,8 milhões de pessoas tenham diagnóstico da doença, uma das principais causas de incapacidade neurológica em jovens. Diante do cenário, a rede Americas acaba de inaugurar um centro voltado para o diagnóstico, acompanhamento, além das terapias medicamentosas para a doença.
Apesar de ser um problema crônico e incurável, há tratamento disponível para o controle dos sintomas, que confere maior qualidade de vida e independência. Felipe da Rocha Schmidt, coordenador do serviço de neurologia dos Hospitais Vitória e Samaritano da Barra da Tijuca, da rede Americas, esclarece que a EM é uma doença inflamatória, imunomediada, em que as próprias células de defesa do organismo atacam o Sistema Nervoso Central (SNC), com o desenvolvimento de lesões cerebrais, em nervo óptico e na medula espinhal.
” O fato do Instituto ser integrado aos Hospitais Vitória e Samaritano Barra também viabiliza o acompanhamento dos casos com necessidade de internação hospitalar, seja para tratamentos mais complexos, como transplante autólogo de células tronco, ou por outras intercorrências médicas”.
O especialista explica, ainda, que a doença pode ser subdividida na forma Remitente- Recorrente, com os ataques frequentes de inflamação no sistema nervoso central (também chamados de “surtos”) com o aparecimento agudo de sintomas neurológicos. Estes, duram dias até semanas com melhora parcial ou total mesmo sem tratamento. “O problema é que com a repetição desses episódios, as sequelas tendem a se acumular”, destaca o especialista. O segundo subtipo é a forma progressiva, caracterizada por apresentação lenta de sintomas no decorrer de meses a anos, com incapacidade ao longo do tempo.
Dados epidemiológicos e perfil
Estima-se que no Brasil entre 40 e 100 mil pessoas possuam o diagnóstico de Esclerose Múltipla. Sobre o perfil, os estudos indicam que a maior prevalência se concentra nas mulheres jovens, entre os 20 e os 40 anos de idade. “Um dos maiores problemas dessa doença é que afeta uma população jovem, com uma vida inteira pela frente. Pessoas que querem vínculos sociais, sucesso profissional, construir família. Com o diagnóstico precoce e os tratamentos atuais, todos esses planos seguem como possíveis”, destaca o especialista.
E completa “Quanto mais precoce o início do tratamento, maior a chance de sucesso e menores serão as sequelas”.
Causas da doença
Schmidt informa que a causa para a esclerose múltipla não é única, e que diversos fatores genéticos e ambientais podem contribuir. Vários genes já foram descritos como relacionados à doença, mas a ausência deles não garante que uma pessoa não vá ter, e nem a presença deles significa, necessariamente, que vá acontecer. “Não basta ser geneticamente predisposto, há uma série de fatores ambientais como infecções da infância, alimentação, exposição a substâncias, níveis de vitamina D, entre outros, poucos conhecidos, para o desenvolvimento da Esclerose”.
Os baixos níveis de vitamina D, que ocorre mais frequentemente em regiões de pouca exposição solar do hemisfério Norte, por exemplo, estão relacionados a maior risco de desenvolvimento. Outro gatilho que parece ser fundamental é a infecção pelo vírus Epstein Barr (causador da mononucleose), uma vez que quase a totalidade dos pacientes com esclerose múltipla já tiveram contato com o vírus, mas é importante lembrar que mais de 95% da população brasileira adulta já teve contato com o vírus e a imensa maioria não desenvolve a doença. Estão sendo desenvolvidas vacinas contra o vírus Epstein Barr, com o objetivo de reduzir a taxa de infecção e, possivelmente, o desenvolvimento da esclerose múltipla.