Na pizza formada pela quantidade de beneficiários de planos de saúde do Brasil, a maior fatia - de longe - fica para os planos empresariais. Em dezembro do ano passado, eram 35,2 milhões de usuários dessa categoria, frente a 8 milhões de clientes do plano individual ou familiar.
A Sami, startup de planos de saúde fundada em 2018, focou nesse dado e quis ir além: criou pacotes empresariais também para pequenas empresas e microempreendedores individuais.
“Já atendemos mais de 20.000 vidas em cerca de 10.000 empresas, muitas delas, MEIs”, diz o presidente da Sami, Vitor Asseituno. “Temos jornalistas, designers, programadores, motoristas de aplicativo e uma série de profissionais independentes. E também empresas maiores, de 30 a 800 vidas”.
Além de focar nessa gama de público, também olhou para a telemedicina - uma tendência fortificada pela pandemia. De acordo com pesquisa da Mordor Intelligence, o mercado de telemedicina está prestes a crescer dos atuais aproximadamente US$ 38 bilhões para US$ 168 bilhões em 2026. Além disso, 82% dos pacientes experimentaram a telemedicina pela primeira vez desde o início da crise sanitária.
Com a soma de planos empresariais para pequenos negócios e da telemedicina, a Sami se estruturou e cresceu. Lançou novos produtos e captou recursos. O último deles foi uma rodada de 90 milhões de reais na metade deste ano.
Agora, com esse valor, está preparando três novos lançamentos:
A estratégia é bater os 100 milhões de reais em faturamento.
Na Sami, cada cliente tem um médico de referência, que faz a consulta digitalmente. Se a pessoa acordou com uma enxaqueca, por exemplo, pode consultar diretamente com esse médico pelo aplicativo.
Caso precise de um atendimento presencial, o cliente pode ir a uma unidade física da Sami dentro de hospitais de São Paulo. A primeira, inaugurada desde o início da operação da startup, fica na Beneficência Portuguesa de São Paulo. A segunda está sendo lançada agora, no hospital Santa Virgínia, no bairro Belém, na zona leste da capital paulista.
A operação faz parte da estratégia de break-even anunciada pela Sami em sua última captação, de 90 milhões de reais, e de sua meta de dobrar o faturamento até o final do ano.
“Cerca de 20% dos nossos pacientes são da zona leste”, afirma Asseituno. “Por isso, nos preocupamos e estamos investindo para estar nas regiões mais afastadas que necessitam desse acolhimento”.
A startup está em operação no Hospital Santa Virgínia desde julho, em período de implementação. Agora, passa a operar oficialmente com uma equipe própria dedicada. São cinco consultórios. “Como a clínica é integrada ao hospital, há facilidade para fazer uma cirurgia lá mesmo. A integração com hospital facilita o atendimento”.
A média da mensalidade da Sami é de 400 reais. No começo da startup, não tinha plano de coparticipação. O primeiro passo nessa área foi com as empresas maiores, que aderiram a essa modalidade.
Agora, a partir de dezembro, a startup está lançando a coparticipação também para os negócios menores e microempreendedores individuais. A ideia é deixar a mensalidade mais em conta, atraindo novos clientes para a startup.
“A nossa aposta é que o plano de coparticipação seja o produto carro-chefe do negócio”, diz o presidente. “O mercado está indo para coparticipação, colocando todo mundo no mesmo pool e dividindo a conta. Tem quem receba a carteirinha e a usa achando que é tudo de graça, mas não é assim, porque acaba voltando para o consumidor no formato de reajuste anual. Não tem dinheiro infinito. A coparticipação coloca todo mundo na mesma página, é o futuro. Mesmo no Brasil, 50% dos planos empresariais já são com coparticipação. A conta precisa fechar para todo mundo”.
O foco da Sami, por enquanto, tem sido a região metropolitana de São Paulo. Agora, a startup está entrando em duas novas cidades: Mauá e Diadema.
Hoje, já estão em:
“Queremos democratizar o acesso à saúde, e um dos fatores para isso é estar em novas cidades”, afirma Asseituno.
A Sami foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na quinta colocação na categoria de 30 a 150 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 375,66%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 8 milhões. Em 2022, subiu para R$ 38 milhões.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%.