Players precisam se unir em torno dos objetivos VBHC, alinhar práticas e propósitos, e evoluir das discussões para a prática
O Anahp Ao Vivo – Jornada Digital está de volta e, em novembro, conta com a parceria da Viatris para debater o “VBHC como pilar de transformação na saúde”. No encontro inicial, na última quinta-feira (09), os convidados abordaram o tema: “VBHC é uma realidade tangível? Como estamos evoluindo no mundo?”.
Direto ao ponto, Clemente Nóbrega, sócio proprietário da Innovatrix, afirmou que, pelo menos no Brasil, a resposta para essa pergunta é não. Em sua opinião, o processo permanece emperrado. “Deveríamos pensar porque estamos avançando tão devagar em um assunto unânime, que todos concordam. Estamos errando de alguma maneira, isso é certo, talvez na forma de equacionar o problema”, provocou.
Convidada internacional, Melanie Snail, gerente da Executive Insight, concordou que a América Latina precisa acelerar a transformação. “De qualquer maneira, não é uma evolução que acontece da noite para o dia. É preciso insistir e seguir fazendo as implementações”, pontuou. Snail ressaltou que a maturidade da saúde baseada em valor ao redor do mundo é mesmo distinta, e citou experiências bem-sucedidas mostrando que o conceito pode, sim, tornar-se realidade.
Nesse sentido, acrescentou condições e facilitadores para que a teoria vire prática. “Entendo que VBHC exige uma abordagem transetorial, rede pública e privada, saúde suplementar, profissionais, universidades, indústria e farmacêuticas. Temos que ir além dos muros das organizações e entender como resolver os problemas em conjunto”, avaliou.
Para ela, sem esse compromisso dos players e uma certa uniformidade nas práticas e propósitos não é possível criar um sistema baseado em valor. “A relação produtiva dentro do ecossistema é fundamental, e uma das maneiras mais eficientes de atrair os parceiros para essa jornada é demonstrar a possibilidade de compartilhamento de riscos. Compartilhar riscos, aliás, é um dos principais benefícios do modelo”, esclareceu.
Fábio Rocha, diretor-executivo da IBRAVS, seguiu a mesma linha destacando que o sistema brasileiro foi criado cheio de silos e fragmentação e não está preparado para atender à saúde integral. “E, sem integração, não existe VBHC”, resumiu. Snail completou dizendo que, nesse formato, “só trabalhamos a doença” e alertou que “os hospitais são a linha de frente” para a mudança de abordagem.
Ary Ribeiro, diretor-executivo na Elibré Clínica de Saúde Mental, acrescentou que a mudança deve realmente começar pela assistência. “É preciso organizar um modelo de cuidado multidisciplinar e integral, tendo a mensuração de desfecho como prioridade na medida de valor”, opinou. Para ele, assim será possível evoluir para os desejados ciclos de melhoria em valor.
Rocha completou que é necessário entender exatamente quais são os resultados esperados – com indicadores – e aplicar os incentivos adequados para estimular os players. “Temos que reorganizar o modelo de negócios para privilegiar quem é capaz de entregar valor”, sugeriu. Nóbrega alertou que, estruturalmente, o problema não tem solução simples e que, isoladamente, as organizações não vão encontrar saídas.
“Atualmente, nosso sistema não cria valor, na verdade, ele destrói valor ano após ano cobrando mais e entregando menos. Precisamos de um plano que englobe todos os stakeholders em um projeto sistêmico e de líderes dispostos a correr riscos para desencadear o processo. Enfim, é preciso parar de discutir a pertinência do valor em saúde, coisa que todos concordam, e começar a fazer, ir aprendendo e ajustando enquanto fazemos”, finalizou.
Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate “VBHC é uma realidade tangível? Como estamos evoluindo no mundo?” teve a participação Melanie Snail, gerente da Executive Insight; Clemente Nóbrega, sócio proprietário da Innovatrix; e Fábio Rocha, diretor-executivo da IBRAVS. A moderação foi feita por Ary Ribeiro, diretor-executivo na Elibré Clínica de Saúde Mental.
Confira os próximos debates da Jornada Digital de novembro e programe-se para participar:
16.11, às 10h | Como o VBHC pode ajudar a enfrentar a crise de saúde mental da força de trabalho?
23.11, às 10h | Transição do modelo de saúde: pacientes, indústria e contratantes como impulsionadores dos modelos de cuidado baseado em valor
30.11, às 10h | VBHC na prática: cases de implementação