Cerca de 430 mil brasileiros realizam tratamentos com medicamentos à base de cannabis e esse mercado deve movimentar R$ 699 milhões neste ano no país. Esses foram os dados divulgados pela Kaya Mind, startup brasileira especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, cânhamos e seus periféricos. Os números fazem parte do II Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil, que consideram informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o órgão, 219 mil pacientes importam medicamentos de cannabis no Brasil, 97 mil têm acesso aos medicamentos nas farmácias e por volta de 114 mil pacientes fazem o tratamento via associações. Ainda segundo a Kaya Mind, esses pacientes se dividem em mais de 3.671 municípios pelo país, ou seja, 66% das cidades têm ao menos um paciente usando cannabis medicinal.
As estimativas apontam que, em 2024, o mercado da cannabis irá atingir R$ 1 bilhão no país. A modo de comparação do crescimento, em 2018 esse número era de apenas R$ 3,7 milhões. Segundo a Kaya, se houvesse uma regulamentação que incluísse o uso medicinal, industrial e adulto ou recreativo da planta, em quatro anos, o setor geraria R$ 26,1 bilhões à economia.
De acordo com Joaquim Castro, fundador da Gravital, primeira clínica focada em terapias à base de cannabis do Brasil, a quantidade de novos produtos aprovados para comercialização nas farmácias, a rápida diminuição do preço do produto importado, além do grande número de eventos e congressos que aumentaram a base de médicos prescritores, são alguns dos fatores que evidenciam o fato desse mercado ser promissor no Brasil. “Estes números confirmam como o uso da planta tem ajudado milhares de famílias a obterem melhoras significativas na saúde, proporcionadas pelos tratamentos com a cannabis medicinal. Nós observamos isso no dia a dia, nas consultas dos nossos médicos com pacientes de todo Brasil. É um mercado ainda em sua infância, mas que cresce a passos largos a respeito de todos os entraves”, destaca ele.
Doenças mais atendidas
Os indicadores da Gravital mostram que, entre as doenças mais tratadas na rede, os transtornos mentais e comportamentais lideram a lista, com 58% dos atendimentos. Depois, vêm as doenças neurodegenerativas, com 15%, seguidas da dor crônica, que representa 14% dos atendimentos.
Ainda nesta lista, os transtornos do sono representam 11%, as doenças neurológicas somam 10% dos tratamentos, 6% para fibromialgia e 5% para doenças alérgicas, autoimunes e nutricionais. Importante ressaltar que estes números ultrapassam os 100% porque um paciente pode ter mais de uma doença associada.