Prontuário eletrônico com níveis de segurança para assinatura digital, plataforma de telemedicina em vídeo e digitalização completa de imagens e exames. Estes são apenas alguns exemplos de funcionalidades em nuvem que já fazem parte do dia a dia de clínicas e consultórios em todo o Brasil. O processo de transformação digital do setor de saúde, que já estava em vigor na última década, foi impulsionado a partir da pandemia de covid-19. A ponto de se tornar parte essencial do trabalho de qualquer médico.
Hoje pode ser até inimaginável um médico que não utilize soluções deste tipo em seu expediente, mas saiba que a realidade era bem diferente há pouco mais de uma década. Profissionais do setor demonstravam receio com as tendências tecnológicas que despontavam aos montes. Havia o temor de que estas ferramentas pudessem comprometer a capacidade de diagnóstico dos médicos – ou até mesmo de desumanizar a consulta com os pacientes.
Não à toa que em 2016 o número de médicos que utilizava computador no atendimento ao paciente era de 61,2%, ou seja, menos de dois terços do total, segundo dados da Pesquisa TIC Saúde, realizada pela Cetic.br. Atualmente, este indicador é de 87,2%, um aumento de 26 pontos percentuais em apenas seis anos.
O que mudou neste período foi justamente a maior aderência e utilização das soluções em nuvem no ambiente médico e hospitalar. Ter ferramentas que agilizam processos e auxiliam na tomada de decisão durante uma consulta se mostrou muito importante. Assim, pouco a pouco a barreira geracional e cultural foi caindo, permitindo que mais recursos do tipo fossem pensados, desenvolvidos e implementados especificamente no setor.
Para se ter uma ideia, o mercado global de soluções em cloud computing para a área médica saltou de US$ 1,8 bilhão em 2011 para US$ 39,4 bilhões em 2022 – e com previsão de chegar a US$ 89 bilhões até 2027, segundo projeção da MarketsandMarkets. Números valiosos demais para serem ignorados por clínicas e consultórios.
Ter sistemas em cloud, portanto, deixou de ser um luxo para os profissionais de saúde e rapidamente se transformou em item prioritário não só durante as consultas, mas para todo o expediente. Hoje, é praticamente inviável fazer um diagnóstico perfeito sem o apoio destas ferramentas – e é uma realidade que vai se consolidar ainda mais no futuro. Ou seja: querendo ou não, o céu é o limite quando se fala de nuvem na saúde.
A popularização do cloud computing no setor está totalmente relacionada à maior utilização dos dados no dia a dia das consultas e tratamentos. Ficou claro para todos os profissionais que o setor é praticamente uma “mina de ouro” quando o assunto são informações sobre as pessoas. O médico tem acesso não apenas a dados demográficos básicos, como também de indicadores que permeiam a qualidade de vida de todos. Bastava apenas utilizar toda essa matéria-prima em prol dos melhores tratamentos e serviços.
A questão é que este volume gigantesco de informações estava espalhado em diferentes fontes e, principalmente, em formatos que dificultavam sua tabulação, cruzamento e processamento em prol do desenvolvimento de insights. Receitas, históricos, exames eram registrados em diversos papéis que posteriormente eram arquivados (e eventualmente perdidos). Contudo, o avanço da nuvem passou a digitalizar estes documentos – o que por sua vez facilitou o trabalho com essas informações. Um bom sistema era capaz de decifrar uma quantidade gigantesca de dados sem que o profissional precise interromper sua rotina para isso.
A consolidação do prontuário eletrônico em nuvem foi o primeiro passo fundamental para esta verdadeira transformação digital de consultórios e clínicas. Não apenas pelas facilidades visíveis, como o acessa rápido e o ganho de tempo, mas principalmente por ser o coração do serviço médico atualmente. As melhores opções não apenas armazenam as informações, como também são capazes de “ler” e “interpretar” suas diferentes mensagens. Alguns, inclusive, permitem até a eliminação do papel por ter níveis de garantia de segurança altíssimos para gerar e assinar documentos digitais.
Todas as tendências que vieram depois dessa consolidação do prontuário eletrônico dependem, em maior ou menor grau, das soluções em cloud computing. É como se fosse a pedra fundamental da transformação digita da medicina. É a partir dela que se constrói um novo modelo de negócios ou uma abordagem diferenciada na relação entre médicos e pacientes durante as consultas e, principalmente, fora delas.
A telemedicina, por exemplo, só é possível porque há plataformas de videoconferência que permitem o atendimento em tempo real e, mais do que isso, a troca de exames, imagens e documentos sem qualquer perda de qualidade no serviço prestado. Os robôs inteligentes idealizados em procedimentos cirúrgicos dependem do acesso a dados padronizados sobre cada movimento que fizer – informações que, evidentemente, devem estar no ambiente digital e não em uma gaveta de arquivo morto.
Sem mencionar, evidentemente, todos os recursos da Inteligência Artificial, a maior revolução esperada na saúde em muitos anos. Para gerar insights, cruzar diferentes fontes de informações e entregar mais inteligência nos processos do dia a dia, é necessário garantir que esta tecnologia tenha o ambiente propício onde dados são trafegados constantemente em segurança e com possibilidade de acesso imediato sempre, quando e onde o médico quiser
As soluções em nuvem, portanto, serão determinantes para médicos, enfermeiros e hospitais que desejam prestar um bom serviço a seus clientes. Sem elas, o setor ficará preso a métodos arcaicos de atendimento, que fatalmente levarão a uma maior insatisfação das pessoas. Já o uso adequado não só potencializa a qualidade, como também oferece a rara oportunidade para esses profissionais mostrarem aquilo que, de fato, é essencial: a atenção que humaniza o relacionamento com todos os pacientes.