As startups vivenciaram um período de crescimento nos últimos três anos, especialmente na área da saúde. Chamadas de healthtechs, elas tiveram um crescimento de 32,05% no período entre 2021 e 2022, segundo dados do Startup Scanner, mas ainda enfrentam muitas barreiras para chegar a grandes instituições.
“Além de uma pressão cada vez maior por resultados, as healthtechs estão se tornando superespecializadas. Isso é um desafio aos hospitais, que vão precisar granularizar demais a cadeia de negócios integrados. Com isso, voltamos ao velho ponto da troca de dados: é preciso que todos falem a mesma língua”, afirma André Cripa, diretor de inovação da CTC.
O levantamento ainda mostrou que mais de 10% das startups ativas no país são healthtechs: 548 de 5.387. Segundo a Sling Hub, este número é praticamente o dobro: seriam 1.158 dedicadas à saúde no Brasil até o final de 2021. No entanto, a urgência em converter ativos em dinheiro se torna uma grande barreira de entrada aos novos negócios.
“É muito comum que essas startups identifiquem novos desafios, chegando ao ponto de repensar e redirecionar o seu modelo de negócio. Atualmente, a saúde enfrenta um período de baixa liquidez, o que exige, mais do que nunca, a apresentação de resultados rápidos, alinhados a um ou mais dos cinco pilares essenciais para a inovação no setor: qualidade, custo, segurança, eficiência e desfecho. Para estabelecer um modelo de negócio inovador e disruptivo em um cenário que, por sua natureza, é resistente a mudanças, torna-se imprescindível a construção de um histórico significativo que convença as instituições a investirem nessas healthtechs”, explica o especialista.
Sem tolerância
Cripa aponta que a lentidão ao aderir a inovações na área é algo natural, pois a tolerância ao erro é muito menor. Contudo, também há uma inclinação dos profissionais a manter as práticas já conhecidas, aliado a um temor da chegada de novas tecnologias. Segundo ele, as organizações que conseguirem encontrar o equilíbrio poderão incorporar modelos de negócio e assistenciais que vão ajudar no dia a dia.
“Os hospitais com viés de inovação mais maduro já conseguem reduzir custos, aumentar a eficiência operacional e dar segurança ao paciente com a chegada das startups, porque elas se dedicam a resolver problemas reais das instituições. Será possível integrar melhorias dentro da sua operação, com sensíveis mudanças que podem, inclusive, melhorar o caixa”, afirma.
Mais de 60% das healthtechs foram fundadas depois de 2016 e, de 2020 para cá, o valor investido no setor representa 72,3% do total investido na última década, aponta o estudo “Distrito Healthtech Report 2022”. Apesar de muitas soluções já existirem na saúde, esse grande volume ainda não sabe a melhor maneira para realizar a conexão entre as pontas. A falta de integração impede as startups de estar no mesmo caminho. “Quando isso acontece, o mercado as enxerga apenas como mais uma história bonita, porém, ineficiente”.