CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPUTADO FEDERAL ROGÉRIO CARVALHO PT/SE
21/05/2015
REQUERIMENTO Nº __________, DE 2014
(Dos Srs. Rogério Carvalho e Ricardo Izar)
Requer a criação de Comissão Parlamentar 
de Inquérito para investigar a 
Cartelização na Fixação de Preços  e 
Distribuição  de Órteses e Próteses, 
inclusive, com a  Criação de Artificial 
Direcionamento da  Demanda e 
Captura dos Serviços Médicos por 
Interesses Privados  – MÁFIA DAS 
ÓRTESES E  PRÓTESES NO  BRASIL, suas 
causas, consequências e responsáveis no 
período 1994 - 2013.
Excelentíssimo Senhor Presidente,
Requeremos a Vossa Excelência, nos termos do art. 58, §3º, 
da Constituição Federal c/c os arts. 35, 36 e 37 do Regimento Interno da 
Câmara dos Deputados (RICD), a instituição de COMISSÃO PARLAMENTAR DE 
INQUÉRITO (CPI), para investigar a CARTELIZAÇÃO NA FIXAÇÃO DE PREÇOS E 
DISTRIBUIÇÃO DE ÓRTESES E PRÓTESES, QUE TAMBÉM UTILIZA A CAPTURA DOS 
SERVIÇOS  MÉDICOS POR  INTERESSES  PRIVADOS  – MÁFIA DAS  ÓRTESES E 
PRÓTESES NO BRASIL, mediante as Ilegalidades nas Relações das Compras 
Públicas e Judicialização da Saúde, suas causas, consequências e 
responsáveis no período 1994 - 2013.
A Comissão será composta por 15 membros e igual número de 
suplentes, além de uma vaga de titular e suplente para bancadas não 
contempladas, e terá o prazo de 120 dias, prorrogável.
Os recursos administrativos e financeiros e os assessoramentos
necessários ao funcionamento desta Comissão serão providos por recursos 
orçamentários da Câmara dos Deputados.CÂMARA DOS DEPUTADOS
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JUSTIFICATIVA
Se não há dúvidas quanto aos avanços obtidos com a 
implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), também não se pode negar 
que este ainda enfrenta certa dificuldade para garantir a integralidade do 
atendimento e o acesso oportuno da população a determinados tipos de 
atendimentos, particularmente a consultas especializadas e insumos de 
órteses e próteses.
É certo que o SUS avança no atendimento assistencial básico, 
ilustre-se: (a) por meio das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), que 
funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana e podem resolver grande 
parte das urgências e emergências, como pressão e febre alta, fraturas, 
cortes, infarto e derrame. Com isso ajudam a diminuir as filas nos prontossocorros dos hospitais. E (b) por meio do Projeto Mais Médicos para o 
Brasil, que faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos 
usuários do SUS,  pois  prevê mais investimentos em infraestrutura dos 
hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões 
onde há escassez e ausência de profissionais.
Por sua vez, garantir o acesso oportuno, adequado às 
necessidades de cada paciente e seguro, em termos de qualidade técnica, 
envolve um conjunto de condições organizativas e normativas 
desenvolvidas por todos os entes da Federação.
Nesta Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a investigação 
enfocará uma questão de grande preocupação no meio dos gestores do 
SUS, dos pacientes e do movimento sanitarista, além do destaque na mídia 
e dos atores judiciais (defensorias, advogados, membros do Ministério 
Público e magistrados), a saber: o cartel na fixação de preços e distribuição 
de órteses e próteses, pois  há partes do  Sistema de Saúde (público e 
privado) que foram capturadas por interesses privados.
Ou seja,  criam-se demandas artificiais direcionadas para 
específicos produtos/mercadorias sob a forma de órteses e próteses.CÂMARA DOS DEPUTADOS
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Tal fato determinado exige que se investigue: Quem são esses 
que criam falsas necessidades (produtores? Importadores? Distribuidores?), 
como o fazem? (meios ilegais de cooptação do serviço público de saúde
para comercialização)  quem são os que participam (médicos,  clínicas, 
hospitais, atores jurídicos). Ora, desde o final do século XIX e começo do 
século XX o sociólogo Max Weber indica que, em política, se sabe que não 
bastam boas intenções. É preciso também pensar nas consequências das 
decisões que se tomam, de acordo com os princípios de uma ética da 
responsabilidade.
São várias as manchetes dos Jornais, dentro do período 
indicado neste requerimento, sobre o assunto:
Folha de São Paulo:
Médicos reprovam acordo do Conselho Federal com indústria 
farmacêutica.
(...)  Em 2010, o Cremesp fez uma pesquisa com os médicos 
dos Estado de São Paulo. Os resultados foram preocupantes: 
(...) 33% souberam ou presenciaram recebimento de comissão 
por indicação de medicamento, órtese e prótese;
Repórter Alagoas:
Uma máfia de branco- comandada por médicos e fornecedores 
de órteses e próteses- atua livremente em Alagoas. Garantem 
30% de lucros- em cima do Sistema Único de Saúde (SUS)-
para os profissionais que prescreverem os materiais especiais a 
pacientes que entram com ações, na Justiça, em busca destes 
materiais.
Pitaco na política – Joyce Hasselman:
Instituto Curitiba de Saúde: o retrato da farra com dinheiro 
público. Suspeitas de irregularidades recaem sobre o atual 
presidente do ICS, Wilson Michaelis. Má gestão ou máfia?: 
comprova o aumento expressivo, de mais de 30%, nos gastos 
com próteses e órteses. Em sete meses no ano passado a 
prefeitura gastou pouco mais de R$ 2 milhões e 300 mil com 
protestes e órteses. De janeiro a julho desse ano o gasto já 
está em quase R$ 3 milhões e 200 mil reais. A suspeita é de 
superfaturamento desse tipo de material.CÂMARA DOS DEPUTADOS
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Jornal da CEBES:
Médico não pode prescrever próteses e órteses pela marca, 
afirma CFM:  Objetivo é evitar assédio da indústria do setor, 
mas profissionais temem perda de autonomia e de itens de 
qualidade. Órgão referendou resolução recente da Agência 
Nacional de Saúde Suplementar que vinha gerando confusão 
entre médicos e convênios
O Conselho Federal de Medicina (CFM) orientou ontem (26) os 
médicos a não prescrever próteses, órteses e outros materiais 
implantáveis pelo nome comercial, acompanhando resolução da 
agência regulatória dos planos de saúde (ANS) válida desde 
junho.
Zero Hora/RS:
Médicos estão à frente de esquemas
de próteses e internações pelo SUS.
No grupo de funcionários afastados, em janeiro passado, pela 
direção do Grupo Hospitalar Conceição (GHC)  – conhecido 
como a ?máfia das órteses e próteses?  –, estão pelo menos 
cinco médicos que também comandavam um esquema de 
internações de pacientes particulares em vagas do SUS. Quatro 
deles são sócios de uma clínica de traumatologia localizada no 
bairro Floresta, em Porto Alegre. O quinto é o dono de um 
consultório de ortopedia situado no bairro Higienópolis. Nesses 
dois locais funcionava um esquema de recepção de pacientes 
vindos em ambulâncias do interior do Rio Grande do Sul e de 
Santa Catarina que pagavam propina para conseguir uma 
internação rápida pelo SUS. Em hospitais particulares, uma 
cirurgia para colocação de parafusos pediculares na coluna 
vertebral custa no mínimo R$ 20 mil. Pacientes encaminhados 
pelas clínicas desses médicos pagavam em torno de R$ 5 mil.
O GLOBO:
A Polícia Federal vai abrir inquérito para apurar um esquema 
de desvio de verba por meio de cirurgias superfaturadas pagas 
pelo plano de saúde do Correios. O pedido de apuração foi 
protocolado, nesta terça-feira, pelo defensor público da União 
Daniel Macedo, com base em reportagem do EXTRA que 
revelou o pagamento de R$ 961.886,56 por material cirúrgico 
usado numa única operação. O material foi vendido pelo 
representante oficial no Brasil, a Technicare Instrumental 
Cirúrgico, por R$ 65.208 para a AC Consultoria e Assessoria 
em Saúde, empresa cujo dono é investigado pela Polícia Civil, 
(...)Alonso teria proposto ao diretor de hospital a ?emissão de 
duas notas fiscais por mês — uma com o movimento e outra, 
sem? ou ?superfaturar orçamento de material de OPME 
(órteses, próteses e materiais especiais) para pacientes que CÂMARA DOS DEPUTADOS
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realizaram cirurgias de emergência, pois assim não precisaria 
fazer cotação com três empresas
Valioso dizer que em audiência pública realizada pela Comissão 
de Defesa do Consumidor da Câmara no dia 17 de dezembro de 2013, 
constatou ?o elevado preço de venda de órteses e próteses, além de 
denúncias de superfaturamento desses produtos?. Alguns especialistas da 
área alegaram que ?o problema do setor é justamente a falta de 
concorrência e a cadeia de distribuição, que paga percentuais a médicos e 
hospitais, o que encarece o preço final do produto?.
A bem da verdade,  não se trata de uma mera ?falha do 
mercado? no setor saúde, tal como a assimetria de informações entre os 
diferentes atores sobre as órteses e próteses voltados para os cuidados de 
saúde. Se é verdade que o paciente-consumidor detêm menos informação 
do que os prescritores, que detêm menos informações que os 
distribuidores, produtores e importadores, a questão gira ao redor do 
artificialismo da demanda e direcionamento dos produtos/mercadorias, 
muitas vezes, não registrados nos órgãos competentes, sem eficácia 
comprovada e alto custo.
Oportuna aqui a  fala do Deputado Ricardo Izar naquela 
audiência da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara: reclamou de 
desvio de conduta generalizado. "Está tendo um desvio de conduta, de 
ética, de recursos em todas as esferas. É o médico que recebe comissão -
que não deveria receber - porque é uma falta de ética e aumenta o preço 
do produto final. É o hospital que superfatura a nota. Uma prótese que 
custa 15 mil em um lugar custa R$ 50 mil em outra região do País, isso não 
tem explicação nenhuma."
Assim, no Brasil, especialmente nos níveis dos atores médicos 
e privados do fornecimento e distribuição de órteses e próteses, segue 
outro sistema decisório, bem menos formal, ético e legal.  Relatórios
técnicos (se é que existem) sobre o uso de determinada órtese ou prótese
não são divulgados aos pacientes e gestores do SUS, ao contrário, são CÂMARA DOS DEPUTADOS
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?fabricados? para induzir a erro os atores jurídicos.  Logo, a opção do 
atendimento médico é  debatida só internamente entre distribuidores, 
médicos e servidores responsáveis pela compra governamental. 
Divergências e contribuições permanecem em sigilo para os atores jurídicos 
que se fecham no isolamento do princípio da integralidade em detrimento 
da organização da política de saúde, escassez de recursos públicos e 
isonomia de tratamento a todos os cidadãos. 
Talvez pelo ceticismo para tudo que é  ?saúde pública?, bem 
pouca gente no Brasil parece acreditar no SUS, muito embora todos os 
brasileiros usem o sistema público de saúde.  De qualquer modo, a
indiferença geral deixa o mundo de gestores, de serviço médico e 
empresarial de órteses e próteses bem livre para sabotá-lo quando 
conveniente, em detrimento dos recursos públicos. A abulia da opinião 
pública tem permitido que, mesmo  contrariando as promessas 
constitucionais do modo de funcionar da Administração Pública e o Direito à 
Saúde, o atendimento para órteses e próteses, com seu estilo mais solto, 
assume consequências que prejudicam a saúde da população, onera o 
erário, afasta-se da transparência, e retroalimenta a corrupção.
O assunto é grave, de modo que  a instalação de uma CPI 
constitui instrumento fundamental para investigar as denúncias relatadas, 
trazendo resposta para a sociedade.
Concluiu-se que os fatos, de relevante interesse para o Brasil, 
exigem da Câmara  dos Deputados, cumprindo o seu fim institucional e 
atendendo aos reclamos sociais, manifeste-se a respeito, e com todo o rigor 
que a situação exige.
Diante do exposto, propomos, por meio deste Requerimento, 
a criação de uma CPI com o objetivo, não só de  apurar, de forma 
aprofundada, as causas da Cartelização na Fixação de Preços e Distribuição 
de Órteses e Próteses, inclusive, com a Criação de Artificial  e
Direcionamento da Demanda e Captura dos Serviços Médicos por Interesses 
Privados, mas também produzir propostas para o combate, a prevenção e CÂMARA DOS DEPUTADOS
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fiscalização dessa forma de ilícito e de violação do direito à saúde, 
apresentando assim, uma resposta à sociedade brasileira.
Sala das Sessões, em
Deputado ROGÉRIO CARVALHO                     Deputado Ricardo Izar
                 PT/SE                                              PSD/SP
NOME PARLAMENTAR ASSINATURA

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Requer  a criação 
de Comissão 
Parlamentar de 
Inquérito para 
investigar a 
Cartelização na 
Fixação de 
Preços e 
Distribuição de 
Órteses e 
Próteses, 
inclusive, com a 
Criação de 
Artificial 
Direcionamento 
da Demanda e 
Captura dos 
Serviços Médicos 
por Interesses 
Privados – Máfia 
das Órteses e 
Próteses no 
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Requer  a 
criação de 
Comissão 
Parlamentar 
de Inquérito 
para investigar 
a Cartelização 
na Fixação de 
Preços e 
Distribuição 
de Órteses e 
Próteses, 
inclusive, com 
a Criação de 
Artificial 
Direcionament
o da Demanda 
e Captura dos 
Serviços 
Médicos por 
Interesses 
Privados –
Máfia das 
Órteses e 
Próteses no 
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Requer  a 
criação de 
Comissão 
Parlamentar de 
Inquérito para 
investigar a 
Cartelização na 
Fixação de 
Preços e 
Distribuição de 
Órteses e 
Próteses, 
inclusive, com a 
Criação de 
Artificial 
Direcionamento 
da Demanda e 
Captura dos 
Serviços 
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Interesses 
Privados –
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Comissão 
Parlamentar de 
Inquérito para 
investigar a 
Cartelização na 
Fixação de 
Preços e 
Distribuição de 
Órteses e 
Próteses, 
inclusive, com a 
Criação de 
Artificial
Direcionament
o da Demanda 
e Captura dos 
Serviços 
Médicos por 
Interesses 
Privados –
Máfia das 
Órteses e 
Próteses no 
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investigar a 
Cartelização na 
Fixação de 
Preços e 
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Artificial 
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da Demanda e 
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