Monitoramento remoto de sintomas melhora a qualidade de vida no câncer avançado
30/10/2023

O monitoramento remoto de sintomas utilizando desfechos relatados eletronicamente pelo paciente (ePROs, do inglês, electronic patient-reported outcomes) durante o tratamento de câncer metastático reduziu as visitas ao sistema de saúde e melhorou a função física e a qualidade de vida dos pacientes, embora não tenha tido impacto na sobrevida global, de acordo com as descobertas do ensaio PRO-TECT.

"Embora a sobrevida não tenha sido influenciada neste ensaio, os pacientes consideraram a intervenção valiosa e experimentaram melhora na qualidade de vida e na redução das internações", disse o Dr. Ethan Basch, médico e pesquisador do Lineberger Comprehensive Cancer Center, da University of North Carolina, Chapel Hill, que apresentou os achados na reunião anual da European Society for Medical Oncology (ESMO) de 2023.

A Dra. Jiyoung Ahn, PhD, professora de saúde populacional na Grossman School of Medicine da New York University (NYU) e diretora associada no Perlmutter Cancer Center para ciência populacional da NYU Langone, na cidade de Nova York, disse que este estudo "fornece evidências científicas empolgantes" que apoiam o monitoramento em tempo real e remoto dos ePROs. Ela não esteve envolvida no ensaio PRO-TECT.

Os sintomas entre pacientes com câncer avançado que recebem tratamento são "extremamente comuns", explicou o Dr. Ethan, mas "infelizmente, as evidências demonstram que nós, como clínicos, deixamos de identificar até 50% dos sintomas de nossos pacientes, com potenciais consequências graves". O monitoramento remoto com ePROs pode ajudar os clínicos a detectar os sintomas dos pacientes precocemente e intervir a tempo.

No ensaio randomizado por cluster PRO-TECT, 52 consultórios de oncologia nos EUA foram randomicamente designados (1:1) para o monitoramento remoto com ePROs ou para os cuidados habituais. A coorte incluiu 1191 pacientes com câncer metastático, sendo 593 pacientes em consultórios que fizeram uso de ePROs e 598 pacientes em consultórios-controle. Os consultórios participantes poderiam inscrever até 50 pacientes com qualquer tipo de câncer metastático – exceto linfoma indolente ou leucemia aguda – que estavam recebendo tratamento sistêmico.

Os pacientes nos consultórios com ePROs completaram pesquisas semanais on-line ou usando um sistema de telefone automatizado, por até um ano. A pesquisa incluía perguntas relacionadas a nove sintomas comuns, ao desempenho das tarefas cotidianas e a quedas.

Para sintomas graves ou que pioravam, um alerta em tempo real era enviado à equipe de cuidados por meio do prontuário eletrônico ou por e-mail, explicou o Dr. Ethan. Da mesma forma, relatórios destacando a trajetória longitudinal dos sintomas podem ser gerados nas consultas dos pacientes e revisados pelos clínicos, o que pode aproximar "o paciente e a equipe de cuidados, destacando questões que são particularmente relevantes para a experiência do paciente", observou ele.

Os pacientes completaram mais de 91% das pesquisas eletrônicas de sintomas. Após 24 meses, a equipe não observou diferença significativa no desfecho principal da sobrevida global – 42,0 meses com ePROs versus 43,5 meses com os cuidados habituais (razão de risco, HR, de 0,99; P = 0,86).

Fonte: Medscape




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