Mais de 40 mil pessoas à espera de uma nova chance de vida. Esse é o retrato atual da lista de espera por um órgão no Brasil, de acordo com dados recentes do Ministério da Saúde. Desse total, 37 mil aguardam um rim, 2 mil buscam um fígado e o restante precisa de outros órgãos. Apesar dos milhares de brasileiros na fila por um transplante, o país é o segundo que mais realiza esse procedimento no mundo.
O crescimento no volume de transplantes é observado no Rio de Janeiro nos hospitais da Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil. Os dados apontam que, na última década, o Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) realizou cerca de 450 substituições de órgãos sólidos e quase 1.400 transplantes de medula óssea, o que coloca a unidade como responsável por mais de 50% do volume de transplantes medulares no estado do Rio de Janeiro, indicados para doenças do sangue, como leucemia e linfoma.
Segundo Rogério Reis, diretor-geral do CHN, o crescimento constante mostra a conscientização a respeito da importância da doação de órgãos. “Movimentos nacionais em prol do Setembro Verde, campanha que tem como objetivo ampliar o número de doadores e transplantes no Brasil, servem de estímulo e combatem tabus e desinformação, o que motiva as famílias a responderem positivamente à doação”, afirma.
O São Lucas Copacabana, com seis anos da inauguração do programa de transplantes, já realizou mais de 470 procedimentos de rim, fígado, pâncreas-rim, multiviscerais e cardíacos, entre outras modalidades. Somente nos nove primeiros meses de 2023, o hospital já alcançou 93% do volume de transplantes renais e 88% dos hepáticos feitos durante todo o ano passado.
“No semestre passado, observamos um aumento importante nas taxas de doação e notificação de potenciais doares, o que impacta diretamente na quantidade de transplantes realizados em todo o país. É importante reforçar que cada doador pode salvar, pelo menos, dez pessoas que aguardam um órgão ou tecido”, salienta André Corrêa, diretor-geral do São Lucas Copacabana.
Para André Corrêa, os principais pontos no trabalho das equipes brasileiras de transplante são aumentar a conscientização de familiares a respeito da doação e otimizar a notificação de todos os potenciais doares.
“Qualquer pessoa, desde que compatível com o receptor e sem doenças infecciosas graves ou infectocontagiosas, pode ser doadora, em vida, de um dos rins, de medula óssea, de parte do fígado e do pulmão, o chamado transplante intervivos. Já um indivíduo em pós-morte encefálica, ou seja, na ausência das funções neurológicas, pode ter coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas usados nessas cirurgias para salvar outras vidas”, enfatiza o dr. André.