Nenhuma revolução começa sem uma troca, quer seja uma troca de tiros, uma troca de acusações, uma troca de governos…felizmente na revolução digital da saúde as coisas não chegaram a esse ponto. Ali o motor de todas as ações que vem se desenrolando foi apenas a silenciosa e inofensiva troca de dados…bem, nem tão silenciosa assim.
Vamos aos fatos.
O primeiro objetivo estratégico do plano de ação do governo americano, conforme vimos no último artigo, foi estimular a adoção de registros eletrônicos e a troca de informações entre os diversos atores do sistema de saúde.
Para isso foram oferecidos incentivos financeiros para que centenas de milhares de profissionais e hospitais adotassem essas práticas com segurança e, mais do que isso, estimulassem seus pacientes a se engajar em torno desses dados, sempre com vistas à melhora na qualidade dos cuidados com a saúde.
No papel estava tudo certo.
Na prática uma série de barreiras surgiram, como é comum acontecer em qualquer plano dessa envergadura:
1) Falta de profissionais qualificados nos provedores para executar a transição para sistemas eletrônicos bem como a necessária reengenharia nos redundantes fluxos de trabalho;
2) Falta de capital para investir nessa migração de alta complexidade;
3) Pouca interoperabilidade entre os sistemas pré-existentes;
Mas barreiras não são paredes, são feitas para serem ultrapassadas, daí o fato de não serem chamadas de outra forma. E assim foi dado início a uma das mais ousadas frentes de toda essa batalha.
Em primeiro lugar é fundamental lembrar que em momentos de combate é normal que se façam ajustes importantes na legislação vigente, e nessa nossa revolução não foi diferente. O HITECH Act, publicado poucos anos antes, já havia aberto o flanco para uma série de medidas financeiras e logísticas para apoiar na superação dessas dificuldades.
Igualmente foram estabelecidas três fases para que hospitais e profissionais elegíveis para receber esses incentivos fizessem jus a eles, numa curva crescente de tipos de adoção, indo das mais simples (num primeiro momento os alvos foram ligados a prescrição e prontuários) até alvos mais significativos, como a melhoria da saúde populacional.
Nenhum hospital ou profissional estava obrigado a se alistar nessa tour de force, mas aqueles que não participassem do movimento estavam avisados de que receberiam menores reembolsos por parte do governo.
Com isso os objetivos declarados pelas lideranças da batalha apontavam para três direções:
1) Acelerar a adoção de registros eletrônicos em saúde
2) Facilitar a troca de informações
3) Apoiar a adoção de TI em saúde e a troca de informação visando a saúde pública e demandas da população.
E como nada é tão simples, especialmente no desafio a que se propôs o governo federal, outras diferentes frentes foram colocadas em marcha para atingir o objetivo de revolucionar o sistema de saúde do país. Continuaremos falando sobre eles nos próximos posts.