O cenário atual do sistema de saúde brasileiro, abrangendo tanto o setor público quanto o privado, é marcado por desafios que exigem inovações e transformações. Enquanto a medicina tradicional, representada principalmente por médicos e enfermeiros, sempre foi vista como a linha de frente dessas mudanças, é hora de incluir um novo profissional e valorizarmos a sinergia entre medicina e nutrição.

A nutrição, apesar de ser uma disciplina mais recente quando comparada à medicina, tem se consolidado como uma área de vital importância. Pesquisas recentes têm reiterado os impactos positivos de uma dieta balanceada e da suplementação correta, sobretudo no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis, que lideram as estatísticas de mortalidade no Brasil e globalmente.

Neste contexto, destaco três pilares onde a parceria entre medicina e nutrição se mostra fundamental:

1. Da Prevenção ao Tratamento:

A nutrição desempenha um papel primordial na prevenção de enfermidades. Por meio da anamnese, os nutricionistas são capazes de identificar riscos precocemente, estabelecendo estratégias alimentares e de estilo de vida. Estudos apontam, por exemplo, que o ômega 3 pode ser um aliado contra a depressão e a berberina no controle glicêmico. Adicionalmente, uma alimentação rica em proteínas para a população acima de 60 anos pode ser a chave para prevenir a sarcopenia e, consequentemente, reduzir riscos de quedas e fraturas. A colaboração entre médicos e nutricionistas amplifica o poder da prevenção e no tratamento de doenças, principalmente em casos onde a doença ainda está em estágio inicial.

2. Adesão aos Tratamentos:

A continuidade dos tratamentos, especialmente em doenças crônicas como diabetes, é um desafio constante. Podemos listar outras inúmeras condições onde a adesão ao tratamento e a medicação é essencial para um bom desfecho clínico, como por exemplo doenças cardiovasculares. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a não adesão aos tratamentos a longo prazo na população em geral está em torno de 50,0%.

Neste cenário, os nutricionistas podem atuar como verdadeiros “gestores da saúde”, acompanhando a trajetória dos pacientes, motivando-os, introduzindo novos hábitos saudáveis e assegurando melhores desfechos.

3. Otimização de Custos:

Apostar na nutrição é uma estratégia inteligente para otimizar os recursos na saúde. Com uma prevenção eficaz e maior adesão aos tratamentos, reduz-se os custos relacionados a internações, complicações e também de reembolsos. Ademais, intervenções nutricionais tendem a ser mais econômicas em comparação com estruturas hospitalares de grande porte ou clínicas particulares.

Por isso, é vital que a comunidade médica e os tomadores de decisão da área de saúde reconheçam a nutrição como um pilar central no fortalecimento do sistema de saúde brasileiro. A aliança entre médicos e nutricionistas é, sem dúvida, um dos caminhos para um sistema de saúde mais eficiente e com custos mais controlados.