Entre os prestadores de saúde do Brasil, os laboratórios de exames são donos das maiores margens de lucro, uma média de 12% ao ano, assim como os que têm maior atividade de fusões e aquisições. O mercado enfrenta hoje um processo de concentração, impulsionado pela crescente demanda e o interesse de diversos investidores.
Os maiores laboratórios do País possuem aporte de fundos de investimento e essa característica promete estender-se aos hospitais e clínicas com a recente permissão para a entrada de capital estrangeiro. O movimento demonstra o início de um amadurecimento de gestão na cadeia prestadora, desde que acompanhado pela ética e instrumentos de regulação.
Com o desacelero nos negócios do Dasa e Fleury, os dois gigantes do segmento, outros grupos planejam aumentar seu market share como é o caso do SalomãoZoppi, de escala infinitamente menor, mas considerado referência em qualidade na capital paulista. Hoje, com um faturamento de R$ 200 milhões e 9 unidades, o grupo pretende chegar em 2017 faturando o dobro (R$ 400 milhões) e 13 unidades.
Há anos assediado pelo mercado, o posicionamento do laboratório sempre foi pautado pelo crescimento orgânico e pela forte gestão dos sócios fundadores Paulo Sérgio Zoppi e Luís Vitor Salomão.
O que vem pela frente…
Entretanto, o cenário começa a mudar. Um novo posicionamento está sendo conduzido com “equilíbrio” e “serenidade”, como fez questão de enfatizar Mário Sérgio Pereira, recentemente intitulado vice-presidente da organização, com larga experiência em farmacêuticas.
“A medida que a empresa está crescendo, ela demanda outros caminhos. A sua capacidade de investir no crescimento é limitada”, comenta Pereira em entrevista exclusiva com o Saúde Business. Apesar do foco ainda ser orgânico, o executivo não descarta futuras aquisições, com o intuito de fortalecer o portfólio de exames mais complexos, e outras fontes de financiamento.
Ao reconhecer a qualidade e o atendimento humanizado como os maiores atributos do SalomãoZoppi, Pereira tem o desafio de mexer em praticamente todos os processos, reestruturá-los, sem prejudicar os pilares que sustentam o sucesso da companhia que se aproxima dos 34 anos.
“Estamos preparando a empresa para um grande salto”, diz. Entre as ações para o alcance da meta de crescimento está a nomeação de oito superintendências, composta em sua grande maioria por executivos de outros mercados e recém-chegados, assim como uma área de inteligência do negócio, que monitora todas as tendências e oportunidades no setor.
“O mercado é sustentado por quatro grandes pilares: o médico, o paciente, as operadoras de saúde e as empresas contratantes. As estratégias têm que estar direcionadas para estes quatro pilares”, conclui.
Reconhecido em análises clínicas, saúde da mulher e exames de alta complexidade, os novos passos do SalomãoZoppi serão em direção aos exames genéticos e oncológicos, duas especialidades em expansão. Enquanto todas essas mudanças acontecem, Salomão e Zoppi continuam próximos e assegurando as decisões, porém, tudo indica um distanciamento natural e uma posterior atuação no Conselho.
NÚMEROS
-Volume de exames saltou de 6,3 milhões, em 2013, para 7,5 milhões em 2014, crescimento de 19% no período
-Capacidade hoje é de realizar 24 milhões de exames no ano
-Pacientes atendidos: 705 mil contra 619 mil em 2013, crescimento de 14%
-Ticket médio registrou avanço e saltou de R$220,13 para R$ 233,61
– 71% do faturamento é obtido com exames de análises clínicas e 29% referente a exames de imagem
-O público feminino liderou a demanda em 2014, respondendo por 80% dos exames
-Investimento de R$20 milhões na expansão do parque de processamento e na compra de aparelhos de exames por imagem (mamógrafos, tomógrafos, etc) e obras de infraestrutura
-Quadro de funcionários cresceu 20% e passou de 1104 para 1322 colaboradores
-Em 2015, o SZD inaugurou uma nova unidade em janeiro, no bairro de Santana, e planeja inaugurar mais uma unidade, no bairro da Lapa, concluindo o ciclo de 10 unidades em operação