O que constitui uma instituição de saúde? Salas de pronto-atendimento, unidades de terapia intensiva, enfermarias, macas, respiradores. No entanto, apesar dessa estrutura indispensável, a história de cada hospital vai muito além disso. A verdadeira essência está nos profissionais, pacientes e familiares que fazem pulsar os corredores da instituição e permitem o avanço da medicina como um todo. No Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), a interligação entre a formação acadêmica e a prática clínica cria um ambiente único de cuidado e esperança. Fundada em 1958, a unidade, que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), trilha um caminho de destaque no Brasil.
"Considero o Hospital Universitário Cajuru minha segunda casa". A frase é do médico Jamil Soni, que descobriu sua paixão pela ortopedia enquanto ainda era estudante de medicina e acompanhava de forma voluntária o dia a dia do pronto-socorro do hospital. Desde lá, já são 40 anos na instituição que assumiu um papel central em sua vida. "Foi a partir de 1995 que retornei ao hospital, ajudando a montar o serviço de ortopedia como o conhecemos. Sinto muito orgulho por ter colaborado para nos tornarmos uma referência nacional", destaca o ex-presidente da Sociedade Latino Americana de Ortopedia Infantil.
Ao unir atendimento à população, capacitação e pesquisa, o Hospital Universitário Cajuru reúne profissionais que ingressaram na instituição como alunos e hoje desempenham um papel importante na formação de novos médicos. É o caso do ortopedista Ademir Schuroff, que, desde 1984, enfrentou longas jornadas de plantões no hospital e viagens em busca da especialização, até estar pronto para transmitir seu conhecimento em ortopedia. "Desde o início dessa residência médica, ela rapidamente se tornou muito procurada e, como resultado, encontramos ortopedistas formados pela nossa instituição em hospitais de norte a sul, do Amazonas ao Rio Grande do Sul", conta.
Nos corredores da mesma instituição que apontou o caminho, serviu como guia e estimulou o pensamento crítico, há médicos experientes que ocupam cargos de gestão. Um exemplo é Álvaro Quintas, diretor da área de saúde do Grupo Marista, que começou sua jornada há duas décadas como estagiário no Hospital Universitário Cajuru para, então, iniciar a residência médica em 1999 e atuar como líder de projetos desta unidade hospitalar. “A residência é mais que uma especialização médica, ela também dá a oportunidade de assumir responsabilidades e enfrentar desafios. Prova disso é que muitos dos meus colegas de residência agora estão liderando serviços importantes dentro do Cajuru", declara.
De 5,9 mil metros quadrados em 1958 para 17,9 mil em 2023. Os profissionais que estão no hospital da capital paranaense há longa data, não apenas testemunharam o prédio original triplicar de tamanho ao longo de 65 anos, mas também acompanharam de perto enquanto a instituição gerava cada vez mais impacto positivo na comunidade. "Ver o hospital evoluir e se tornar um destaque na prestação de serviços é motivo de orgulho. Cada vida que tocamos, cada desafio que superamos, é um passo na construção de uma tradição de excelência", diz Álvaro Quintas.
Referência em transplante renal e suporte a vítimas de trauma, o Hospital Universitário Cajuru realiza em média 147 mil atendimentos por ano, incluindo internações, atendimentos de emergência, cirurgias e consultas ambulatoriais. Desses, somente nos primeiros sete meses de 2023, quase 18 mil chegaram pelo pronto-socorro, que recebe casos graves geralmente encaminhados pelo Siate e Samu. Levados ao hospital devido a ocorrências de alta complexidade, esses pacientes são prontamente atendidos por uma equipe multiprofissional que trabalha 24 horas por dia, todos os dias da semana.
E, afinal, com quantas pessoas se faz uma instituição de saúde? No Hospital Universitário Cajuru, são 1,5 mil profissionais de diversas áreas, incluindo 242 médicos, 156 residentes médicos, 95 enfermeiros e 455 técnicos de enfermagem. Dia após dia, eles se dedicam a prezar pela vida, oferecer suporte e cuidar de pacientes em diferentes graus de complexidade. Quem chega para receber atendimento, se surpreende com o cuidado que ultrapassa os protocolos clínicos, estendendo-se ao toque suave de uma mão, ao sorriso e às palavras que trazem conforto.
Não há horários nem fronteiras para aqueles que escolheram a difícil missão de salvar vidas. Lançando sementes de inspiração para as futuras gerações, alguns profissionais se tornam símbolos de dedicação e honra no exercício da medicina. Na família Schuroff, o exemplo dessa entrega começou em casa e, atualmente, os filhos já dão sequência aos passos do pai. "Lembro dos finais de semana em que meus filhos, ainda pequenos, me acompanhavam nas visitas aos pacientes. Apesar dos plantões por vezes terem me afastado da família, hoje a medicina nos une ainda mais. É uma realização enorme ver que eles estão dando continuidade ao legado e escolhendo a ortopedia e a cirurgia de quadril", revela Ademir Schuroff, que já foi presidente da Sociedade Brasileira de Quadril.
São histórias de orgulho e gratidão trilhadas por profissionais que encaram a medicina sob diversas perspectivas. Para além do atendimento ao paciente, eles participam da formação de novos médicos, assumem funções de gestão e representam a classe. Enquanto trabalham de forma conjunta com tantos outros profissionais de saúde, suas trajetórias individuais se interligam com as do hospital para o qual vestem seus jalecos. "Tudo o que sei e sou, devo ao Hospital Universitário Cajuru. Muita coisa mudou desde a primeira vez que entrei por suas portas, mas um detalhe importante permanece o mesmo: seguimos firmes em nossos valores e missão de proporcionar um excelente atendimento à população", conclui Jamil Soni.