'A Saúde dos Planos de Saúde'
14/04/2015

Vida saudável deve dar bônus em plano, diz Drauzio em livro 

'A Saúde dos Planos de Saúde', escrito em parceria com o médico Maurício Ceschin, é lançado nesta segunda 

Obra aponta que o sistema atual não é sustentável e indica coparticipação de paciente no pagamento 

O médico e colunista da Folha Drauzio Varella emprestou do filósofo inglês Thomas Hobbes a expressão que usa para descrever o sistema de planos de saúde no Brasil: uma guerra de todos contra todos. 

Foi a partir de conversas sobre o tema com o colega Maurício Ceschin, ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar, que surgiu "A Saúde dos Planos de Saúde" (ed. Paralela), livro que diagnostica entraves do sistema atual e sugere soluções. 

Segundo Drauzio, o usuário fica contra o plano porque paga caro e tem dificuldades no atendimento. E fica contra o médico porque a consulta é rápida demais. 

O médico está contra o plano porque recebe mal, e contra o usuário porque não cria vínculo com ele. E o plano, contra os usuários porque eles entram na Justiça para obter tratamentos que não estavam no contrato. E contra os médicos porque prescrevem exames demais, aumentando os custos. 

Some-se a isso a baixa margem de lucro das operadoras de seguro (de 2% a 3%) e o envelhecimento da população brasileira e está prescrita a tragédia. "Um sistema assim não pode dar certo." 

"Falta noção de economia à medicina. As faculdades não ensinam valores de procedimentos e medicamentos", avalia. "Os médicos não tem noção dos custos envolvidos na própria medicina." 

Os pacientes, por outro lado, tendem a achar que são mais bem atendidos quanto mais exames lhes receitam. 

"Não é verdade. E exames não são inócuos", diz. "Uma tomografia desnecessária, por exemplo, prejudica o paciente porque o expõe a radiação, que oferece riscos, e sobrecarrega seus rins por causa do contraste", explica. 

Para ele, a livre demanda por consultas e exames não é boa para ninguém. 

"É como consumo de água em prédio: seu vizinho toma cinco banhos por dia e você toma um, mas a conta é dividida igualmente." O resultado, no caso dos planos, é uma mensalidade mais alta. 

Duas medidas impopulares, segundo Drauzio, podem ajudar na questão. A primeira é a coparticipação do paciente no pagamento de consultas e exames, que funcionaria como freio de exageros. 

A segunda é atribuir ao cidadão parte da responsabilidade por sua saúde, premiando o paciente que tem um estilo de vida saudável. 

"Em algum momento faremos como os seguros de carro: desconto para quem não fuma, por exemplo, porque fumante gasta mais, vive menos e tem mil problemas de saúde por causa do cigarro." 

A solução sugerida pelo médico, como seu diagnóstico, vem de Hobbes: ampla discussão e novo contrato. (FERNANDA MENA - Folha de S.Paulo)
 




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