A medicina tradicional é utilizada por 170 dos 194 estados membros da Organização Mundial de Saúde, entre eles o Brasil. Para ajudá-los na construção de evidências e de dados confiáveis sobre as práticas e produtos desse modelo de cuidado, a OMS realiza, nos próximos dias 17 e 18 de agosto, na cidade de Gandhinagar, na Índia, a I Cúpula Global de Medicina Tradicional (FirstWHOGlobalSummit). O evento acontece em paralelo à reunião dos ministros de saúde dos países do G20, que, por sua vez, tem como tema “Rumo ao bem-estar das sociedades e economias: contribuições do conhecimento indígena e da medicina tradicional”.
No Brasil, essas medicinas ganharam o nome de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, as PICS, oficializadas em três portarias que integram, há 17 anos, uma política nacional que define termos de implantação no sistema de saúde público e privado. As PICS estão presentes em quase 54% dos municípios, de 27 estados e Distrito Federal e todas as capitais do país.
Um único brasileiro foi convidado pela OMS para integrar a organização da Cúpula: Ricardo Ghelman é médico, professor universitário, pesquisador e uma das principais referências no Brasil na área de Medicinas Tradicionais Complementares e Integrativas (MTCI). Ele também é Coordenador dos Mapas de Evidências sobre a eficácia clínica das MTCI, que estão sendo elaborados pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde da Organização Panamericana de Saúde (BIREME-OPAS/OMS), em atendimento às demandas do Ministério da Saúde, numa parceria com o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN).
Para Ghelman, a I Cúpula Global de MTCI “é o grande indicativo da OMS sobre o reconhecimento dessas práticas como um caminho sem volta para uma saúde mais equilibrada e que atenda às populações vulneráveis, reduzindo as desigualdades”. O especialista diz que as MTCI são um modelo de sustentabilidade e de equilíbrio ambiental, uma contribuição de peso para a agenda dos ODS. “Essas práticas também promovem a saúde da pessoa como um todo, complementam e ampliam um cuidado em saúde pública focado apenas para o tratamento das doenças”, ressalta.
A Cúpula da OMS marca ainda o início dos trabalhos do Centro Global de Medicinas Tradicionais (who-global-centre), que teve um investimento de US$ 250 milhões do governo da Índia e se concentrará na construção de uma base sólida de evidências para políticas e padrões sobre as MTCI, ajudando os países a integrá-las e regulando a qualidade e a segurança para um impacto sustentável. Segundo a OMS, esse Centro Global servirá como um hub para envolver e beneficiar as seis regiões mundiais definidas pela OMS: Américas, África, Sudeste da Ásia, Europa, Mediterrâneo Oriental e Pacífico Ocidental.