Na última quinta-feira (10), o Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais reuniu especialistas para discutir “Como estruturar os núcleos de segurança do paciente (NSP) e fomentar a cultura da qualidade e segurança nas organizações”. Maria Carolina Moreno, fundadora do Portal Qualificação e diretora de Qualidade e Assistência do CURA Grupo, abriu o debate destacando que na maioria dos serviços de saúde essa instância é obrigatória e que ela foi pensada para ser o embrião da gestão de qualidade. “O NSP é um disseminador das melhorias que a organização precisa fazer”, resumiu.
Rafaela Caliman, coordenadora de Práticas Assistenciais no UnitedHealth Group, afirmou que, em geral, o primeiro grande desafio é conseguir começar. “De início, é preciso entender as necessidades específicas e alinhar os objetivos com a alta direção”, explicou.
Soraia Accioly, gerente técnica Assistencial e de Qualidade no Hospital Santa Izabel, acrescentou que não existe “receita de bolo” para todos os casos, por isso é indispensável avaliar a realidade de cada hospital. “E, se estiver em dúvidas sobre o direcionamento, comece tentando atender minimamente às seis metas internacionais de segurança do paciente”, ensinou. Elenara Ribas, consultora médica de Projetos no Hospital Israelita Albert Einstein e da Mira Consultoria, recomendou “priorizar métodos e ferramentas com evidências científicas sólidas”.
As especialistas também abordaram a composição do NSP e todas concordaram que o grupo deve ser multidisciplinar. “É preciso trabalhar com representantes de todas as áreas, inclusive da gestão”, ressaltou Moreno. Ela lembrou ainda que o núcleo tem poder deliberativo, por isso é importante contar com pelo menos um membro capaz de tramitar decisões com agilidade entre a alta direção. E Ribas destacou que a diversidade enriquece as deliberações. “São visões diferentes que qualificam as soluções”, resumiu.
Ribas seguiu explicando que o NSP é essencial para moldar a cultura de segurança na organização.
“Cultura não é coisa que aparece da noite para o dia, ela deve ser construída com processos estruturados e o núcleo é fundamental nesse planejamento”, disse. Porém, alertou que para funcionar nesse sentido a instância não pode se transformar em um simples fórum para discussão de eventos isolados. “Precisa ser estratégica, com visão sistêmica da questão da segurança”, completou.
Accioly chamou a atenção para a importância da cultura justa nesse cenário. “Quando os profissionais não se sentem seguros para relatar e discutir os eventos adversos é difícil avançar em segurança”, ressaltou. Ribas adicionou que o conceito deve ser visto em toda a sua amplitude. “Cultura justa não pode servir apenas para determinar as consequências dos eventos adversos. Ela tem que tratar também dos comportamentos disruptivos. E ser igual para todos”.
Moreno sintetizou que a criação e funcionamento do NSP é um processo complexo e relatou que até as organizações avançadas em qualidade têm dificuldades na tarefa. “Mas é importante ser feito, inclusive nos serviços em que não há obrigatoriedade, como os laboratórios, para aprimorar a assistência”, finalizou.
Confira os próximos debates da Jornada Digital de agosto e programe-se:
? 17/08: Comunicação efetiva e segurança psicológica dos colaboradores para o bom desfecho do paciente (Inscreva-se)
? 24/08: Capacitando a liderança clínica: melhores práticas e insights para a implementação de núcleos de segurança do paciente (Inscreva-se)