O Fleury teve um lucro líquido 70% maior no segundo trimestre, de R$ 117,7 milhões. É o primeiro período em que a companhia incorpora, no balanço, os resultados de Hermes Pardini, a partir do dia 28 de abril. O laboratório focado em lab-to-lab (uma terceirização de serviços, de maneira simples) foi adquirido no ano passado em uma transação que o avaliou a R$ 2,43 bilhões. No primeiro trimestre da operação de fato combinada, Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, afirma em entrevista ao EXAME IN que está mantida a meta de capturar de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões em Ebitda incremental ao longo dos próximos três anos. “Chegamos a um novo patamar como empresa e isso fica claro desde já”, afirma a executiva.
Os resultados apresentados nesta quinta-feira mostram que o “novo” Fleury, considerando a combinação dos resultados de Hermes Pardini em maio e junho, teve receita de R$ 1,6 bilhão, aumento de 49,3% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. Além do resultado contábil, a empresa trouxe também uma comparação pro forma, ou seja, uma soma dos resultados das duas empresas nos três meses completos. Nessa base de comparação, a receita ficou em R$ 1,8 bilhão, avanço de 12,7% em relação ao segundo trimestre de 2022.
Em relação ao crescimento orgânico, todas as marcas dentro do Fleury cresceram no período. O destaque em faturamento permanece a marca de mesmo nome do grupo, cuja cifra subiu 13,2% no período, para R$ 507,1 milhões. O crescimento está relacionado à expansão de market share da divisão, ao crescimento de vidas cobertas e expansão do atendimento móvel no período.
Outro destaque está com a divisão de Novos Elos, que dobrou de tamanho na comparação com o mesmo período do ano anterior. O faturamento foi de R$ 180,6 milhões, alta de 137%. Além do crescimento orgânico (de 30,5% na comparação anual) a unidade de negócios também incorpora os efeitos das aquisições de Saha, realizada em agosto de 2022, e Retina Clinic, em abril de 2023. Hoje, a divisão já representa 9,1% da receita bruta do grupo.
No trimestre, a companhia destacou o Ebitda sem despesas de combinação de negócios. Essa linha ficou em R$ 429 milhões, aumento de 44% em relação ao mesmo período do ano anterior, com margem de 26% (queda de 95 pontos base). As despesas pontuais, relacionadas à incorporação dos negócios, foram de R$ 65,5 milhões no período.
“Colocamos as despesas relacionadas à transação de uma vez. São pagamentos para a assessoria financeira, jurídica e também custos de integração. Temos a expectativa de capturar sinergias e atingir a meta de Ebitda que mencionamos anteriormente, mas resolvemos lançar esse custo separadamente do indicador, por ser algo muito pontual”, diz Tsutsui.
O resultado financeiro no período foi de uma despesa de R$ 99,5 milhões, aumento de 15,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A companhia tem uma alavancagem de 1,3 vez, abaixo do registrado no segundo trimestre de 2022, de 1,8 vez. O foco da companhia é manter o indicador abaixo de 3 vezes, algo que os executivos consideram ideal para enfrentar com mais resiliência o ambiente de juros mais altos.
Nesse cenário, Tsutsui não descarta outras aquisições. A companhia tem uma área de M&A que foi responsável por quase 15 aquisições entre 2021 e 2022, em um momento de custo de capital mais alto e de maior seletividade em relação ao que o Fleury colocava para dentro de casa. “Continuamos prospectando. Não estamos restritos a comprar negócios que façam sentido e que atendam aos nossos requisitos. Acho que o mercado está mais prudente em algumas avaliações também”, diz a executiva. A estratégia, no fim das contas, permanece a mesma: construir um ecossistema de saúde no país.