Diversas operadoras de planos de saúde demoraram dez anos para chegar a mais de 30 mil beneficiários. A Leve Saúde, fundada em 2020, levou apenas três. Sua meta para 2023 era chegar a 33 mil beneficiários, mas como esse número já foi atingido em junho, o objetivo agora é bater a marca de 48 mil até dezembro. Para 2024, a expectativa é chegar a 100 mil.
“A Leve Saúde está se transformando em protagonista do setor e não deve nada às operadoras concorrentes”, diz Ulisses Silva, CEO e um dos dois fundadores da companhia — o outro é Claudio Borges, que exerce o cargo de Chief Sales Marketing Officer (CSMO).
Já um grande player desse segmento, a Leve Saúde foi uma das finalistas da 2ª edição do Ranking Negócios em Expansão. Desenvolvida pela EXAME em parceria com o BTG Pactual e a PwC Brasil, a lista reconhece as pequenas e médias empresas que mais expandiram suas vendas em 2022 — os vencedores foram anunciados no dia 27 de julho.
O ranking mede o crescimento das companhias emergentes com o objetivo de fomentar o empreendedorismo e o capitalismo no Brasil, além de inspirar outros empresários a ir tão ou mais longe.
O foco da Leve Saúde — o público com 45 anos ou mais — explica boa parte do sucesso da operadora, cujo ecossistema reúne 40 hospitais credenciados, 300 consultórios especializados, mais de 200 laboratórios e cerca de 110 clínicas e policlínicas.
Quem se enquadra na faixa etária escolhida como foco costuma se deparar com planos de saúde com preços cada vez mais altos, às vezes exorbitantes. Aqueles que perdem o emprego com 45 anos ou mais — e consequentemente são obrigados a dar adeus ao plano de saúde da empresa — geralmente acabam ficando sem nenhuma cobertura em seguida. E a culpa é dos preços abusivos.
Para resolver o problema, a Leve Saúde oferece planos 30% mais baratos, em média, do que as operadoras concorrentes. Ela se restringe, atualmente, ao estado do Rio de Janeiro, onde vivem mais de 6,3 milhões de pessoas com 45 anos ou mais — 3,3 milhões só na região metropolitana.
O que mais chama a atenção, no entanto, é a quantidade de habitantes na faixa etária em questão que está desassistida por convênios médicos em função dos preços altos. No estado todo são 4,3 milhões; na região metropolitana, 1,5 milhão.
“Cerca de 65% das pessoas que contrataram a Leve Saúde não possuíam plano de saúde há pelo menos seis meses ou nunca tiveram plano de saúde”, revela Borges. “Isso mostra a importância e o potencial da nossa operadora”.
A Atenção Primária à Saúde, cujo foco é prevenir o surgimento de doenças, é um dos pilares mais importantes. “A prevenção ajuda a salvar vidas e a tornar nosso modelo de negócio mais sustentável”, defende o CEO. Não à toa, a empresa tem uma taxa de sinistralidade de cerca de 55%, bem abaixo da média de 80% do mercado.
“É preciso quebrar o paradigma de só se preocupar com as doenças e não com o que deve ser feito antes, para evitar que elas surjam”, acrescenta Silva.
O CEO e o CSMO têm mais de 17 anos de experiência em posições de liderança no setor de saúde suplementar. Fundaram a Leve Saúde motivados por experiências pessoais com familiares com idade avançada que enfrentaram dificuldades para ter acesso à assistência médica.
A dupla não demorou para se dar conta de que há inúmeras outras pessoas às voltas com o mesmo problema, em razão da falta de interesse das operadoras e dos preços incompatíveis com a realidade financeira de grande parte da população com 45 anos ou mais.
A companhia nasceu em março de 2020. Dias depois de Silva e Borges se reunirem com os investidores para tirar a Leve Saúde do papel, a pandemia, como todo mundo sabe, virou o mundo do avesso.
Apesar dos novos desafios no horizonte, a dupla persistiu e começou a vender planos de saúde no dia 1º de setembro do mesmo ano. Desnecessário dizer o quão importante a operadora se mostrou para milhares de pessoas num dos períodos mais delicados da história recente.
Com cinco clínicas próprias — na Barra da Tijuca, no centro do Rio, em Campo Grande, na Tijuca e em Nova Iguaçu —, a Leve Saúde consegue primar pela qualidade de atendimento e fazer uma gestão de recursos mais inteligente.
Com uma abordagem phygital, ela oferece atendimento digital e presencial. Como um dos pilares é a Atenção Primária à Saúde, todo beneficiário ganha uma médica ou um médico de família, que o acompanha durante toda a jornada dentro da operadora.
Para aprimorar a qualidade dos cuidados oferecidos, a Leve Saúde faz uso de algoritmos e de inteligência artificial (IA). O machine learning contribui com a geração de prognósticos, que facilitam o trabalho dos médicos e favorecem o atendimento ao paciente, online e presencial.
E a operadora também aposta em interoperabilidade de sistemas e em telemedicina, proporcionando agilidade e precisão nos procedimentos médicos. Recentemente, contratou cientistas de dados e um CTO com experiência no mercado de saúde suplementar para ajudar a alavancar a jornada digital.
Fruto de um investimento inicial de cerca de R$ 20 milhões, a Leve Saúde prevê R$ 240 milhões de faturamento para este ano e um running rating (receita recorrente) de R$ 340 milhões. No ano passado ela faturou R$ 107 milhões e, em 2021, R$ 43 milhões.
“Estamos determinados a democratizar cada vez mais o acesso aos planos de saúde para quem tem 45 anos ou mais e queremos começar a atuar em outras praças a partir do segundo semestre de 2024”, adianta Silva.