Foram anos de espera, um certo atraso em relação às nações mais desenvolvidas, mas o Brasil finalmente iniciou a implementação da tecnologia 5G em seu território. Em julho de 2023, completou um ano que este tipo de conexão finalmente chegou ao país, primeiro para as capitais e posteriormente para as cidades com mais de 500 mil habitantes. Enquanto parte da população ainda espera, aqueles na área de cobertura buscam se aproveitar de suas propagadas vantagens – o que vale tanto para pessoas quanto para setores inteiros, como a medicina.
Na prática, são menos de 200 municípios que possuem o 5G “original” após um ano de implementação. O número parece baixo se comparado às 5.568 cidades espalhadas de norte a sul do Brasil. Contudo, não se engane: mais de 1.600 locais já receberam autorização da Anatel para instalarem a estrutura necessária e limparem a frequência do sinal que vai operar essa tecnologia. Se o cronograma previa cobertura aos locais com menos de 30 mil habitantes até 2026 e abrangência total em 2029, a expectativa é reduzir esse prazo nos próximos anos.
No setor de saúde não seria diferente. Ao mesmo tempo em que o 5G começa a ganhar espaço no Brasil, clínicas, consultórios e hospitais preparam suas estruturas digitais para tirarem o máximo proveito da tecnologia – o que inclui desde o reforço na experiência do paciente em uma simples consulta até a realização de complexas cirurgias com apoio de robôs. Mas qual o real impacto na medicina neste primeiro ano? Quais mudanças estão ocorrendo e quais ainda irão acontecer?
O que torna a tecnologia 5G atraente para instituições médicas e profissionais de saúde é justamente sua principal característica: a alta velocidade no tráfego de dados com a baixa latência no tempo de resposta. Isso faz com que soluções e máquinas possam lidar com um alto volume de informações e tomar decisões bem mais rápidas. Em um hospital, por exemplo, é possível conectar diferentes aparelhos entre si, o que faria informações como pressão arterial, exames médicos, imagens, entre outras circularem entre os mais diferentes profissionais.
A abertura a este tipo de conectividade é mais uma etapa no recente processo de transformação digital que a área precisou encarar nos últimos três anos. Antes avessa a qualquer tipo de inovação, precisou se adaptar às pressas por conta da pandemia de covid-19. Soluções como telemedicina e monitoramento remoto foram colocadas em prática e, hoje, agilizaram a prestação dos serviços de saúde em todo o país.
O 5G representa novas oportunidades dentro das principais tendências na medicina. Em um cenário “perfeito”, acredita-se que é possível realizar “telecirurgias”, ou seja, intervenções feitas por robôs a partir de orientações passadas por um cirurgião que não estará no local. Alternativas mais plausíveis apontam para um monitoramento completo do paciente por meio da integração das plataformas médicas com os wearables como os relógios e pulseiras inteligentes. Informações em tempo real alimentarão o histórico médico do indivíduo, como batimentos cardíacos, taxa de oxigênio, pressão arterial, etc.
Evidentemente, os exemplos citados anteriormente são situações para o futuro. No presente, a prática do 5G na saúde impacta em outra questão igualmente importante: a gestão da informação médica dentro de clínicas e consultórios. Com as ferramentas certas, médicos e demais profissionais podem otimizar a tomada de decisão, garantindo consultas e serviços melhores aos pacientes.
Hoje, não há trabalho médico que não dependa da análise de dados adequados e, claro, do cruzamento deles com outras fontes. Um simples diagnóstico e prognóstico depende da capacidade de estabelecer relações entre os diferentes conteúdos – começando justamente pela base de dados que o médico tem do seu paciente. Se ele demora para verificar as informações disponíveis ou simplesmente não consegue automatizar isso, certamente perderá tempo considerável em seu expediente, refletindo na qualidade geral do seu trabalho.
Assim, neste primeiro momento, o 5G chega para resolver justamente o tratamento e a importância dos dados na rotina dos médicos. Aliado ao prontuário eletrônico, é possível garantir um fluxo de informação eficiente e, principalmente, seguro e em conformidade com as boas práticas de segurança.
Enquanto o sistema do prontuário vai servir como hub de todos os conteúdos que importam, a conectividade vai trazer mais velocidade e facilitar a comunicação não só entre os dispositivos, como também entre os profissionais de saúde e seus pacientes. Finalmente chegou a hora de digitalizar todos os processos e colocar a medicina em direção à inovação.