Apesar dos alertas de médicos e até mesmo de vídeos que viralizaram nas redes sociais sobre possíveis efeitos colaterais do Ozempic, medicamento utilizado no tratamento de diabetes do tipo 2 e que tem a semaglutida como princípio ativo, a busca pelo remédio vem aumentando, é o que diz a plataforma Consulta Remédios (CR). Remédios com o princípio ativo, como é o caso do Ozempic, ganharam popularidade após a promessa de emagrecimento e muitas farmácias já vêm registrando falta do medicamento. Em diversos cenários levantados, a CR identificou um aumento expressivo. No primeiro semestre de 2023, se comparado com o último semestre de 2022, as buscas chegaram a apresentar um crescimento de 91%.
“A gente percebe que o comportamento das pessoas também segue uma tendência muito relacionada às redes sociais, por exemplo. Após as trends que divulgaram efeitos do remédio, como ‘rosto Ozempic’ no início deste ano, a busca pelo medicamento apresentou uma queda de 30%. No entanto, de forma geral, ainda é possível observar que as pessoas vêm sim procurando o medicamento mais que o normal, e algumas farmácias até registram falta do medicamento”, explicou Rafaela Sarturi Sitiniki, farmacêutica responsável pela plataforma Consulta Remédios.
O aumento de 40% na busca de termos como “rosto Ozempic” e “bumbum Ozempic” registrado pela plataforma Google Trends é resultado dos relatos feitos por pessoas que perderam peso ao usar medicações à base de semaglutida, ocasionando flacidez em diversas partes do corpo. Além desse efeito colateral, outros também foram relatados, como diarreia, náuseas e vômitos, constipação, refluxo, entre outros.
Disponibilizado em formato de caneta de aplicação semanal em variadas dosagens, o uso do Ozempic para emagrecimento ainda não é liberado no Brasil. No mês de março, inclusive, a Associação Brasileira para o estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) divulgaram um documento alertando sobre o uso indiscriminado e os riscos a que as pessoas podem estar sujeitas. “Todo medicamento pode apresentar efeitos colaterais e o uso sem acompanhamento médico é sempre um risco. No caso dos medicamentos com semaglutida, ainda existe o risco de uma busca exagerada causar problemas para as pessoas que precisam do medicamento para controlar a diabetes do tipo 2”, alerta a farmacêutica.
Variação de preço
Além do aumento de buscas, a plataforma ainda encontra variação de preços. Na opção do Ozempic com dosagem 0,25 e 0,5 mg, por exemplo, a variação chega a quase 20%. Já o medicamento Rybelsus, que também possui a semaglutida em seu princípio ativo e é ofertado na forma de comprimidos a variação é ainda maior, chegando a 70%. “A opção de comprimido é mais recente, e isso vem trazendo novas possibilidades para os usuários e isso acaba impactando também na busca”, finaliza Rafaela.