Unificar e informatizar os serviços hospitalares de forma ainda mais qualificada por meio de um prontuário eletrônico gratuito. Com esse objetivo, os ministérios da Saúde e da Educação, assinaram um Acordo de Cooperação Técnica que vai permitir o uso do Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU) – já utilizado nos 41 hospitais universitários federais geridos pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – em todas as demais instâncias especializadas de média e alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS). O uso da ferramenta vai permitir, ainda, a integração ensino e serviço, apoiar a gestão assistencial e de suprimentos das unidades, além de integrar os dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
Em seu discurso, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, sintetizou: “educação e saúde para reconstruir o Brasil, esse é o sentimento. Essa tecnologia agora será disseminada, pois vamos fazer a saúde digital ser um instrumento fundamental no SUS. Não é uma política definida em gabinete, essa pactuação foi feita com estados e municípios, pois quem faz saúde na ponta é que precisa definir conosco. Nos últimos anos não houve diálogo, mas agora há união, pois não há política pública sem ouvir a todos”, sustentou.
Camilo Santana, ministro da Educação, por sua vez, falou sobre a alegria da integração entre as pastas. “Estamos integrados com o Mais Médicos, também na discussão da residência, do Revalida, da abertura de novos cursos de medicina no Brasil e este é mais um momento dessa integração saúde e educação. Essas são pautas que transformam vidas e esse acordo de cooperação é mais um passo da reconstrução que está vivendo o Brasil”, disse.
Neste novo cenário, os profissionais vão ter acesso ao registro de saúde prévio do paciente atendido na rede hospitalar (consultas, internações, medicações prescritas e retiradas, resultados de exames), permitindo a continuidade do cuidado. Com a entrada das informações dos hospitais, a RNDS será fortalecida, ampliando as condições para a tomada de decisão, a partir do histórico clínico, além de permitir que mais informações sejam disponibilizadas aos cidadãos por meio do ConecteSUS.
O aplicativo foi desenvolvido ao longo dos últimos 10 anos e, agora testado e aprovado, alcança a marca de três milhões acessos mensais, segundo o presidente da Ebserh, Arthur Chioro. “Essa ferramenta vai trazer mais segurança e estabilidade, garantindo aos estados mais autonomia. É um aplicativo a ser instalado localmente, em cada hospital, e menos vulnerável a ataques virtuais. No futuro veremos a importância dessa atitude de hoje”, defendeu, falando ainda sobre como essa iniciativa vai gerar economia aos cofres públicos.
“É uma inovação mais que necessária, pois vamos criar um processo de desenvolvimento colaborativo, com mais rapidez na construção de novas funcionalidades. É uma união de esforços, uma experiência que vai se potencializar”, disse Chioro. “É possível prever uma economia para estados e municípios da ordem de R$3 bilhões, sendo R$2 bilhões nos próximos cinco anos relativos apenas ao custo de implantação de um sistema de gestão hospitalar, caso 3 mil hospitais façam adesão ao AGHU, além de, no campo da manutenção, economia de R$1 bilhão, em cinco anos, estimando a entrada de 600 hospitais por ano”, detalhou.
Com o Acordo de Cooperação Técnica, também está prevista a criação do Comitê Estratégico do AGHU, que ficará responsável pela orientação quanto às diretrizes gerais de desenvolvimento e disseminação do aplicativo, a disponibilização de forma contínua e mais atual da versão da ferramenta, a implantação do serviço de suporte aos hospitais e serviços especializados do SUS e ampliação da equipe de desenvolvimento do software.
A utilização do aplicativo nos hospitais especializados do SUS deve começar em outubro de 2023. Antes, o comitê vai trabalhar na elaboração do documento que detalha a estratégia de capacitação e elaboração de conteúdo norteador para os entes envolvidos.
Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários
A ferramenta é voltada para a gestão hospitalar com foco no paciente, sendo adotada como padrão para todas as unidades da Rede Ebserh. Trata-se de um sistema dividido em módulos como internação, registro do atendimento ambulatorial, estoque com rastreabilidade, exames, cirurgias, prontuário eletrônico e outros. Atualmente, este é o maior sistema hospitalar público do Brasil, com uma base de 25 milhões de pacientes, 83 mil usuários cadastrados apenas na Rede Ebserh.