O setor farmacêutico é um dos mais aderentes a novidades e investimentos em pesquisas em decorrência da contínua necessidade de entregar novos medicamentos ao mercado. Nos últimos anos, pudemos perceber transformações na indústria com intuito de aumentar a eficiência em seus processos, em consequência de fatores como a maior demanda por fármacos tanto pelo envelhecimento da população, quanto por maior preocupação das pessoas pela melhoria da qualidade de vida.
Segundo dados do relatório Tendências globais em P&D 2023: Atividade, Produtividade e Habilitadores¹, publicado pelo IQVIA Institute for Human Data Science, o financiamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) pelo setor farmacêutico foi recorde em 2022. As 15 maiores indústrias farmacêuticas investiram US$ 138 bilhões em P&D de novos medicamentos e terapias. O valor investido representa um aumento de 1,7% em relação a 2021, totalizando 43% no consolidado desde 2017 e, representando 18,8% das vendas registradas pelas empresas.
Neste sentido, uma das áreas da ciência que tem trazido grandes inovações é a biotecnologia, conjunto de procedimentos que envolvem a manipulação de organismos vivos para fabricação ou modificação de produtos, que já vem apresentado avanços no Brasil. Na indústria farmacêutica, a biotecnologia substitui alternativas químicas e mecânicas, e potencializa os efeitos dos fármacos, que passam a agir com mais rapidez e a causar menos efeitos adversos.
Exemplo destes são os biossensores, que combinam diferentes componentes biológicos e estruturas de sensores comuns, com intuito de sinalizar ou quantificar a presença de uma determinada substância, como acontece no Brasil, em que é utilizado para a detecção de doenças infecciosas e tumores. Também se destacam o Human-no-chip, que permite o cultivo de tecidos humanos em três dimensões, recriando a simulação morfológica e a funcionalidade dos órgãos; a Terapia Gênica, que com a utilização de técnicas de biotecnologia, busca reprogramar genes que possuam defeitos e causam doenças; e os biofármacos, medicamentos que utilizam células geneticamente modificadas para a produção de proteínas terapêuticas. Neste grupo estão inclusos os anticorpos monoclonais, para tratamento de diversas condições, como psoríase, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e colite, artrite, doenças renais e câncer, entre outras enfermidades. Solução essa que também vem impulsionando a fabricação e o uso de medicamentos biossimilares, tanto no Brasil quanto no mundo.
Neste segmento, também, a indústria de produtos biológicos tem investido no desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Um dos recursos que representam um avanço na forma de utilização dos biofármacos é o dispositivo de administração parenteral subcutânea, que pode ser apresentado como uma caneta auto-aplicadora ou outro dispositivo para auto-injeção do biológico, que permite uma absorção uniforme e contínua, além de ser um procedimento mais conveniente do que o infusional tradicional. Além disso, esse tipo de dispositivo possui fácil aplicação, simplificando o uso de medicações que necessitam ser ministradas com frequência em alguns casos.
Dentro dessas inovações, hoje no Brasil, já temos formulações em dispositivo para aplicação de medicações subcutâneas aprovadas que atuam no tratamento de doenças autoimunes como artrite reumatoide e doenças inflamatórias intestinais. Hoje, a tecnologia já aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de engenharia reversa que possibilitou tal quebra de paradigma, levou ao desenvolvimento de inúmeros outros biossimilares de anticorpos monoclonais utilizados como biofármacos.
A expectativa é que, nos próximos anos, muitos medicamentos biossimilares estejam disponíveis no mercado, aumentando as opções para médicos, pacientes e sistemas de saúde em geral. Assim, os pacientes podem ser capazes de acessar mais rapidamente os tratamentos necessários e personalizados, uma vez que a maior disponibilidade da solução aumenta a concorrência e estimula o desenvolvimento de novos medicamentos biológicos.
De acordo com Market.us, o mercado global de biossimilares deve atingir US$ 34,4 bilhões até 2032, exibindo uma taxa de crescimento anual de 14,1%, na próxima década. No Brasil, a espera-se que este setor registre uma taxa de expansão anual de 6,7% entre 2023-2027, saindo de US$ 634,9 milhões em 2023 para US$ 822,4 milhões em 2027.
Espera-se que os investimentos em novas tecnologias tanto para estes tipos de medicamento, quanto para novas soluções, continuem contribuindo para o crescimento desse mercado oferecendo aos pacientes mais opções de tratamento e melhorando o acesso a terapias biológicas essenciais.