Em junho, a Jornada Digital da Anahp abordou o macrotema “A necessidade dos hospitais brasileiros se reinventarem para sobreviver à crise do setor” e no debate que fechou a série, na última quinta-feira (29), discutiu os “Modelos assistenciais que visam mais eficiência e qualidade”. José Ronaldo Alves, diretor técnico da Santa Casa de Passos (MG) já resumiu de início que, independentemente dos focos e estratégias de cada organização, “o mais importante é como vamos lidar com as pessoas”.
Alves contou que na Santa Casa, uma instituição fundada há 159 anos, foi criado o FIB (Felicidade Interna Bruta), um indicador que mede a satisfação e o engajamento dos colaboradores para auxiliar os programas de integração das pessoas com o ambiente de trabalho. “Alinhar os propósitos dos profissionais com os da instituição é uma das bases do nosso modelo”, disse.
Vânia Rohsig, superintendente Assistencial e de Educação do Hospital Moinhos de Vento, concordou com o colega e destacou que um ambiente de prática e convivência saudáveis é determinante para o desfecho clínico. No entanto, ela alertou para o desafio de atrair e reter talentos, sobretudo após a pandemia. Nesse sentido, sua organização está investindo em um modelo focado em educação. “Hoje temos uma pós-graduação e outros níveis de ensino vinculados ao hospital”, relatou.
A tendência é que a pós atraia bons profissionais, e a capacitação acontece de acordo com o escopo da organização, conforme explicou a executiva. Além disso, o hospital tem como estratégia reter 90% dos alunos que saem da escola técnica. “Dessa maneira, temos mais de 80% dos cargos de supervisão ocupados por profissionais da base”, revelou. Com grande parte da liderança formada em casa, a aderência à cultura e ao modelo assistencial é mais eficiente.
Claudia Laselva, diretora da Unidade Hospitalar Morumbi e de Práticas Assistenciais da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, apresentou o modelo do Einstein, com reconhecimento Magnet e fortemente apoiado em tecnologia para monitoramento e análise dos dados. “O Magnet estimulou uma liderança de Enfermagem transformacional, arrojada, focada em princípios e metas com planejamento estratégico”, destacou. Um Centro de Controle Operacional, que faz a gestão centralizada da jornada do paciente, trouxe mais segurança e agilidade para a operação, além de estímulo à adesão aos protocolos institucionais. “Mas é preciso entender que tecnologia nunca é um fim, é um meio”, advertiu.
Nessa linha, Alves lembrou que a tecnologia serve principalmente para aprimorar o desempenho dos profissionais. “Tecnologia sem pessoas não faz sentido”, ressaltou. E Rohsig completou dizendo que, em contrapartida, é indispensável que as equipes compreendam a utilidade dos recursos tecnológicos. “Se não estiverem convencidos do porquê, não vai funcionar”, alertou.
Laselva ponderou que a inovação não está relacionada necessariamente com tecnologia, ao contrário, as maiores oportunidades de melhoria estão nos processos. “Reveja todas as suas práticas e avalie se precisa continuar fazendo do jeito que você faz ou se não é possível melhorar”, finalizou.
Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate “Modelos assistenciais que visam mais eficiência e qualidade – Apresentação de cases” teve a participação de Claudia Laselva, diretora da Unidade Hospitalar Morumbi e de Práticas Assistenciais da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; de José Ronaldo Alves, diretor técnico da Santa Casa de Passos; e de Vânia Rohsig, superintendente Assistencial e de Educação do Hospital Moinhos de Vento. A moderação foi feita por Fátima Gerolin, diretora-executiva assistencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.