“Alguns procedimentos, medicamentos e características dos pacientes aumentam significativamente o risco de uma infecção do dispositivo. E essas infecções aumentam a morbidade, tempo de internamento e reintervenção cirúrgica nestes pacientes”, explica a cardiologista responsável pela inovação, Lânia Romanzin Xavier, que é chefe do Serviço de Eletrofisiologia do Pequeno Príncipe.
Foi o que aconteceu com o paciente Augusto Manenti Martins, diagnosticado em 2010, aos 5 anos de idade, com uma doença que compromete o funcionamento correto do coração. Para corrigir tal situação, ele implantou um marca-passo e desde então faz acompanhamento regular no serviço do Pequeno Príncipe. “No final do ano passado, já aos 17 anos, descobrimos que um dos eletrodos do marca-passo havia se rompido”, conta a mãe, Vivian Martins.
Augusto passou então por uma cirurgia para substituição desse eletrodo, mas no dia seguinte se verificou o deslocamento do eletrodo, o que levou a equipe a recomendar uma nova cirurgia. “Os médicos nos falaram dessa nova capa que envolve o dispositivo no antibiótico, e nós autorizamos o procedimento, mesmo sendo inédito no Brasil. A equipe nos mostrou estudos que atestavam a eficiência desse procedimento. E foi mesmo um sucesso. Ele não teve nenhum pico de febre no pós-operatório, nenhuma intercorrência causada por infecção”, relata a mãe.
Outro grande benefício desse novo procedimento, segundo a médica, é o impacto que ele proporciona na gestão do serviço. O paciente que tem infecção fica internado, em média, três semanas a mais. Os custos do tratamento também se elevam, pois é necessário submeter o paciente a uma cirurgia para retirar o marca-passo, aguardar o controle da infecção, para depois realizar uma nova cirurgia e implantar um novo dispositivo. E o mais impactante, o paciente e a família passam por mais momentos de preocupação e sofrimento.
Em 2022, o Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Pequeno Príncipe, em parceria com o Serviço de Eletrofisiologia, implantou 29 marca-passos e fez a troca de gerador em 14 implantes. “Se o Augusto está aqui hoje, com 17 anos, é graças à competência de toda a equipe médica e de toda a estrutura do Pequeno Príncipe. Todos os profissionais – médicos, enfermeiros, equipe da UTI, pessoal da limpeza, enfim, todos – são pessoas extremamente humanas, bem-humoradas e dedicadas a cuidar do nosso maior bem. E só tenho a agradecer a essa instituição”, finaliza Vivian.