A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Grupo Oncoclínicas anunciaram a criação do Centro Integrado de Pesquisa em Oncologia Translacional (CIPOT), através de uma parceria público-privada na área de estudos sobre o câncer. A instituição reunirá esforços e investimentos em pesquisa, inovação, ensino e empreendedorismo na oncologia.
“Trata-se de uma iniciativa que se soma às demais estratégias da Fiocruz no campo, no sentido de ampliar as cooperações para pesquisas, com a troca de experiências, mão de obra e conhecimentos, fortalecendo também o sistema público”, declara o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger.
O câncer é a segunda maior causa de morte no mundo. Só no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 704 mil novos diagnósticos a cada ano do triênio de 2023 a 2025. O número representa um desafio constante para a saúde pública: melhorar a equidade no acesso aos exames preventivos e diagnósticos para descobertas em estágios iniciais e rápido começo do tratamento são alguns dos gargalos enfrentados pelo país ainda.
“A expectativa é que a criação do centro traga impacto no rastreamento da doença e diagnóstico precoce, além de terapias inovadoras que proporcionem mais eficiência nos custos na jornada do tratamento oncológico, evitando os altos gastos com cirurgias, melhorando a expectativa e qualidade de vida dos pacientes oncológicos”, explica Bruno Ferrari, fundador e CEO do Grupo Oncoclínicas.
Como será a implementação
A implementação da iniciativa será baseada em três eixos principais: Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Empreendedorismo. Além da pesquisa já mencionada, outras atividades de pesquisa serão realizadas. O estímulo ao desenvolvimento de projetos colaborativos e tecnológicos com foco em terapias e métodos diagnósticos e a avaliação da viabilidade técnica e financeira de projetos de pesquisa e desenvolvimento, internos ou externos, também são objetivos do centro.
A cooperação também funcionará na prospecção de oportunidades através de editais públicos e privados, na promoção de eventos científicos, na integração acadêmica com elaboração de cursos e iniciativas educacionais, e na promoção do empreendedorismo tecnológico na área de oncologia.
“Quando falamos em um centro translacional é também no potencial de reduzir o distanciamento entre a produção do conhecimento científico e a aplicação na prática clínica”, diz Carlos Gil Ferreira. “O desenvolvimento de parcerias em projetos que busquem diagnósticos e estratégias terapêuticas inovadoras e o desenvolvimento, capacitação e formação de médicos, profissionais de saúde e empreendedores na área oncológica também fazem parte desta aliança”, completa.
Panorama do câncer
Atualmente, considerando uma prevalência de 5 anos da doença, segundo a OMS, mais de 50 milhões de pessoas estão vivendo com câncer em todo mundo, sendo que 1,5 milhão delas está no Brasil – um número que, conforme as perspectivas do INCA, seguirá crescendo. Nos países mais pobres e em desenvolvimento, a incidência das neoplasias deve ter um crescimento superior a 80%, conforme aponta a entidade internacional.
Entre os tipos de tumor mais comuns no país, o câncer de pele não melanoma continua na liderança. No recorte por gênero, a neoplasia de mama entre as mulheres e a de próstata nos homens permanecem como pontos de atenção, figurando no topo da lista quando observada essa divisão da população. No topo do ranking de incidência no país, aparecem ainda tumores de pulmão e intestino, ambos com fatores de risco ligados a hábitos de vida pouco saudáveis, como dieta rica em gordura e tabagismo. O mais recente estudo do INCA levou em conta mais de 21 tipos de cânceres, considerando, pela primeira vez, também os tumores de pâncreas e fígado.
“A população precisa estar alerta ao panorama do câncer para que seja possível evitarmos uma futura epidemia de casos avançados da doença. Como alternativas para evitar impactos negativos no combate ao câncer e atingir a meta de 70% de sobrevivência para todos os pacientes até 2035, conforme preconiza a OMS, é essencial aumentar o orçamento destinado ao desenvolvimento de pesquisas e atuar na conscientização sobre as consequências do diagnóstico tardio da doença, o que reduz as chances de cura e compromete o potencial dos tratamentos”, finaliza Carlos Gil.