O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, promove consultoria especializada a mais de 850 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de 90 hospitais públicos de todo o Brasil através da telemedicina. Por meio do TeleUTI Brasil, médicos, enfermeiros e fisioterapeutas intensivistas do Oswaldo Cruz, BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hcor, Einstein e Sírio-Libanês realizam discussões de casos diariamente com médicos, enfermeiros e fisioterapeutas do SUS com o objetivo de melhorar a qualidade na assistência multiprofissional ao paciente crítico.
“Por meio da discussão diária de todos os casos de pacientes internados, baseada em evidências científicas e boas práticas, a iniciativa busca oferecer os melhores tratamentos, no tempo certo, evitando complicações e eventos indesejáveis. Adicionalmente, o projeto oferece a possibilidade de teleinterconsultas com especialistas não intensivistas (como cardiologistas, pneumologistas, infectologistas e neurologistas) para contribuição em casos específicos, e também promove atividades de educação continuada, a partir de “lives” com especialistas, sobre temas definidos juntamente com os hospitais participantes, com base nas maiores necessidades observadas”, afirmam Rodrigo Almeida e Adriano Pereira, médicos coordenadores do projeto pela BP e pelo Einstein, respectivamente, na sua primeira fase.
Ainda de acordo com os especialistas, as ações permitem buscar o uso racional dos recursos públicos, garantindo o acesso de mais pacientes aos leitos e de forma mais segura. Além da assistência direta aos internados, o modelo de telerrounds, como as teleinterconsultas diárias são chamadas, são implantados nos leitos de UTI adulto de hospitais públicos, possibilitando criar um ambiente de educação continuada, baseada no treinamento em serviço (assim como nas Residências Médica e Multiprofissional) que têm o potencial de deixar um legado que pode se estender para além do término do TeleUTI Brasil.
Os centros participantes são indicados pelo Ministério da Saúde, seguindo critérios de inclusão como a indisponibilidade / escassez de profissionais intensivistas titulados atuando na UTI local, apresentar dificuldade de acesso a médicos especialistas não intensivistas e ter equipamentos, materiais e medicamentos mínimos para a assistência ao paciente grave.
No Leste do Maranhão, o Hospital Regional de Chapadinha é responsável pelo atendimento a usuários do SUS de 27 cidades do entorno. Participante do projeto há quase um ano, a unidade já percebe os impactos positivos do acompanhamento remoto diário dos pacientes atendidos, conforme relata a supervisora de enfermagem da UTI, Rhuanne Mesquita. De janeiro de 2022 a abril de 2023, foi registrado um aumento de 129% na taxa de desocupação das UTIs, além de quedas de 62% na mortalidade global, 75% na mortalidade institucional, 33% no tempo de permanência e 47,9% na ocupação operacional.
“Tem nos proporcionado um aprendizado ímpar e vem otimizando nossos recursos, visto que conseguimos fazer uso deles de forma mais racional, o que impacta diretamente na qualidade do atendimento aos nossos pacientes e suas famílias. Os telerrounds proporcionam trocas de experiências entre a equipe multiprofissional e nos permite entender a realidade de um hospital de grande porte. Com isso, vamos aprimorando nossos processos de trabalho com a implantação de novos protocolos e rotinas”, diz.
Atuação na pandemia de Covid-19
Realizado desde Março de 2022, o projeto TeleUTI Brasil foi originado de uma experiência considerada exitosa, durante a pandemia do novo coronavírus, que teve como objetivo prover apoio médico especializado ao atendimento de pacientes internados em UTIs de hospitais públicos, com ênfase nos casos de insuficiência respiratória e ventilação mecânica, realizada entre Março e Novembro de 2020, denominada Tele-UTI Covid-19 Brasil. Durante esse período, a iniciativa disponibilizou protocolos de cuidados para o manejo dos casos de Covid-19, atualizados e baseados em evidência, desde o momento da internação até a alta, com contato diário entre a equipe médica e multiprofissional dos hospitais públicos junto aos médicos intensivistas dos hospitais que fizeram parte do referido projeto PROADI-SUS.
Até novembro de 2020, a iniciativa atendeu 21 estados e 70 municípios, totalizando apoio a 1.545 leitos e 3.356 pacientes, com cerca de 20 mil visitas realizadas em mais de 80 hospitais do SUS.