Integração, conectividade e interoperabilidade são o norte do trabalho que a Secretaria de Saúde Digital do Ministério da Saúde pretende desenvolver ao longo dos próximos anos. Diante da complexidade da empreitada, o objetivo é deixar estruturado um caminho para que isso se desenvolva, inclusive com um projeto estruturado.
Essa visão de futuro foi compartilhada por Cleinaldo Costa, diretor do Departamento de Saúde Digital e Inovação da Secretária de Informação e Saúde Digital ligada ao Ministério da Saúde, no painel que apresentou os novos horizontes da iniciativa para o SUS, realizado na Arena Reabilitação, da Feira Hospitalar, nesta terça-feira, 23.
A amplitude do projeto inclui todo ecossistema de saúde, passando por especialidades médicas, odontologia, nutrição, fisioterapia, psicologia, entre outras áreas, e a gestão do SUS. “Os benefícios da telessaúde são indiscutíveis no impacto na saúde, levando acesso a lugares de vazio assistencial, do impacto logístico e social. Isso é uma parte. Agora estamos falando de um sistema único de saúde realmente integrado, acompanhando os avanços tecnológicos, e as demandas que surgem”, salientou na apresentação.
Estruturada em três departamentos (DataSUS; Monitoramento, Avaliação e Disseminação de Informações Estratégicas; e Saúde Digital e Inovação), a secretaria tem o papel de integrar as pontas não só da cadeia de saúde, mas com todas as áreas envolvidas para que a saúde digital integrada e funcional seja realizada. “Precisamos trabalhar em sinergia com o ministério de saúde, outros ministérios, e os setores envolvidos. Que tecnologias são úteis para o SUS hoje? Nos próximos 10 anos? Como nos comportaremos e embarcaremos essas tecnologias no SUS? Nossa secretária está focada nisso”, apontou.
Articular parcerias entre os elos da cadeia, entre universidades públicas e privadas, entre instituições que atuam pelo SUS, empresas, e dar as diretrizes de colaboração para a Estratégia de Saúde Digital será o principal papel da secretaria. “Nosso objetivo potencializar o poder transformador de saúde digital no país, tornar o sistema de saúde mais amigável, aproximar o setor, e simplificar a vida do usuário.”, destacou o executivo.
Outro ponto crucial para a estruturação do projeto é a educação, e no caso, a teleducação, para treinar as equipes do SUS na cultura digital, e disseminar o conhecimento de tudo o que for desenvolvido dentro do projeto e das parcerias.
A interoperabilidade está no foco. Integrar os sistemas do SUS, e definir os padrões será necessário para criar um ambiente de conectividade para que as trocas das informações possam ocorrer, e os dados do paciente possam trafegar com segurança, possibilitando melhor acesso e melhor gestão. “É importante que haja um processo que todos dialoguem entre si. E o RNDS está aí para acelerar esse trabalho colaborativo”, pontuou Costa.
Porém quando se fala em um ambiente de conectividade também é importante garantir o acesso à internet em todo o país. “Precisamos tirar milhões de brasileiros da escuridão digital para conseguirmos ser realmente inclusivos”.
Dentre as iniciativas com as novas tecnologias, o professor salientou o Big Data e a Inteligência Artificial que serão fundamentais para ajudar nas decisões em saúde, do micro, considerando a melhor conduta com o paciente, ao macro, planejando ações de prevenção e promoção a saúde. “Até 2040 seremos a sexta maior população idosa do mundo. O SUS terá que ser realmente inclusivo”, destacou.
A secretaria também criará um laboratório de inovação em Saúde Digital, para que aconteçam pesquisas, desenvolvimento de soluções e disseminação de todo conhecimento gerado.
Por fim, toda a estruturação da Saúde Digital, está baseado nos oito princípios da Organização Mundial de Saúde para países que estão passando por um processo de transformação digital: conectividade universal; bens públicos digitais, que se traduz cocriação de produtos de saúde pública digitais; saúde digital inclusiva; interoperabilidade, direitos humanos, inteligência artificial, participando de cooperação global em IA e tecnologias emergentes; segurança da informação e arquitetura de saúde pública.
“Temos mais perguntas do que respostas, mas todos nós da saúde podemos refletir sobre como ter um SUS realmente inclusivo, quais tecnologias são necessárias e impactarão positivamente na saúde nos próximos anos; como entender essa transformação demográfica pela qual o país vai passar, e como entender a saúde no meio das mudanças climáticas. Precisamos estar preparados para todas essas mudanças”, concluiu.