Aconteceu nesta terça-feira (20) a liberação de investimento de
capital estrangeiro no mercado hospitalar. O que podemos perceber é que o fato suscita as disparidades ideológicas entre as pessoas que atuam, lideram e respiram o setor de Saúde brasileiro. Mas o fato é que está tudo liberado.
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Há quem diga que com isso surgirão oportunidades de melhoria da gestão nas organizações, da governança, do conhecimento em TI, entre outros fatores. Por outro lado há quem acredite que isso é um perigo para o setor, que aumentaria a distância entre os sistemas público e privado, e estaríamos dando o aval para a exploração de quem não tem interesse em desenvolver o mercado nacional.
Veja o posicionamento de pessoas e instituições do setor:
André Longo
Ex-diretor-presidente da ANS (até 10/01):
Sob o argumento de que o País precisa de investimentos de R$ 7 bilhões para suprir a carência de 14 mil leitos nos hospitais, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) defendeu a abertura do setor ao capital externo.
Francisco Balestrin
Presidente da Anahp:
“O Brasil se abre à modernidade, o hospital ganha mais processos de gestão, governança corporativa e conhecimento em tecnologia da informação, por exemplo”.
Entidades do Movimento da Reforma Sanitária:
Sete instituições de saúde consideram a
liberação do capital estrangeiro como grave. Alegam que “o domínio pelo
capital estrangeiro na saúde brasileira inviabiliza o projeto de um Sistema Único de Saúde. Com a possibilidade do capital estrangeiro ou empresas estrangeiras possuírem hospitais e clínicas – inclusive filantrópicas, podendo atuar de forma complementar no SUS – ocorrerá uma apropriação do fundo público brasileiro, representando mais um passo rumo à privatização e desmonte do SUS. Esse é o caminho que atende aos interesses do grande capital internacional, que voltou seus olhos à possibilidade de ampliar seus lucros inicialmente com a venda de planos e seguros baratos, mas com uma cobertura de serviços extremamente limitada, que não garante o direito à saúde e agora se aproveita para se apropriar de fundos públicos”.
Associação Brasileira da Saúde Coletiva – ABRASCO
Associação Brasileira de Economia da Saúde – ABRES
Associação Paulista de Saúde Pública – APSP
Associação do Ministério Publico para a Saúde – AMPASA
Associação Brasileira de Saúde Mental- ABRASME
Centro Brasileiro de Estudos da Saúde-CEBES
Instituto de Direto Sanitário Aplicado – IDISA
Edson Rogatti
Presidente da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB):
Ele não acredita que a medida seja prejudicial, mas conta ter convocado uma reunião técnica com a federações para a próxima semana a fim de ter maior clareza sobre o tema.
Carlos Vital
Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM):
Afirma haver consenso entre os médicos a respeito da necessidade de investimentos públicos ou privados. Em sua opinião, privatizações e terceirizações, com capital nacional ou estrangeiro, podem ajudar a saúde brasileira, mas não resolverão o déficit do setor.
Eudes Aquino
Presidente da Unimed do Brasil:
“Se é um fundo de investidores, vem para cá, compra uma empresa, implanta sua filosofia de trabalho – geralmente com algum executivo brasileiro gerenciando – e, em média, de dois a três anos, atinge seus objetivos e leva o dinheiro embora. Acho que o país não precisa desse tipo de investimento e deve fechar as portas a ele. Se é um concorrente que se associa a alguém aqui no Brasil, e se comporta na condição de minoritário, em termos de sociedade, não vejo nenhum inconveniente”, afirmou em discussão promovida pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de S. Paulo).
*E,você, é a favor da entrada de capital estrangeiro na saúde? (Para participar, tem de ser
um assinante do Saúde Business 365)