A adoção de plataformas digitais pelos sistemas de saúde do mundo, públicos ou privados, é uma tendência mundial. Formadas por diversos elementos, como hardwares e softwares, essas grandes estruturas digitais têm o potencial de armazenar dados dos pacientes produzidos por diferentes instituições de saúde, como laboratório e hospitais. Assim, o médico poderá conhecer o histórico do paciente, com informações vindas de diversas fontes, o que permitirá um diagnóstico mais assertivo.
“Um dos desafios para a integração eficiente das informações de saúde é resolver a falta de padronização dos dados”, afirma o médico Antônio Carlos Lira, presidente da Sociedade Brasileira de informática em Saúde [SBIS] e especialista da Oncologia D’Or. No dia 24 de maio, ele falará sobre a estratégias necessárias para a construção das plataformas digitais em saúde no Congresso Internacional de Serviços de Saúde (CISS), que ocorrerá na 28ª Hospitalar entre 23 e 26 de maio, no São Paulo Expo, em São Paulo.
Falta de uniformidade
Hoje, as informações de saúde de um paciente são armazenadas por instituições de saúde em diferentes sistemas, formatos e estruturas. A padronização de dados é fundamental para garantir o acesso e o compartilhamento das informações entre as diversas instituições, sistemas, profissionais de saúde e os próprios pacientes.
Um exemplo consagrado da uniformização dos dados em saúde é a CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A CID fornece códigos relativos à classificação e codificação das enfermidades e uma ampla variedade de sinais, sintomas, achados anormais, denúncias, circunstâncias sociais e causas externas de danos ou da doença. É usada em todo o mundo em diferentes documentos de saúde, como atestados e diagnósticos.
O presidente da Sociedade Brasileira de informática em Saúde afirma que, sem a padronização da estrutura de dados, não haverá interoperabilidade. “Uma vez que o sistema utilize estruturas padronizadas de comunicação e dados, os profissionais de saúde poderão mais facilmente compartilhar e acessar dados sobre o paciente”, explica Antônio Carlos Lira. Na sua visão, a interoperabilidade precisa ser construída de forma coletiva com abrangência nacional ou internacional.
O médico esclarece que já há um roteiro da OMS, voltado à estratégia de saúde digital, e consensos de várias organizações visando a padronização de informações em saúde baseada em consensos internacionais. O objetivo é favorecer a troca eletrônica dos registros dos pacientes. Segundo ele, o Brasil já vem estruturando há alguns anos as premissas desta estratégia. “Acreditamos que criação da Secretaria de Saúde de Digital no Ministério da Saúde possa acelerar avanços neste sentido”, observa.
Outro desafio é a adoção de um registro unívoco para o acesso a essas informações. Antônio Carlos Lira acredita que o CPF – Cadastro de Pessoa Física, está se consolidando como chave única do sistema. Ele acredita que outro desafio para a incorporação dos padrões a serem adotadas vem da necessidade de capacitação específica. “É necessário contar com profissionais capacitados para executar esse trabalho, sobretudo o de convencer os desenvolvedores de softwares em saúde a adotar esses padrões em suas aplicações”, assevera.
Terminada esta etapa, haverá um longo caminho a percorrer. “O trabalho é árduo e deve ser feito de maneira contínua, porque são muitas padronizações e não poderá haver descontinuidade na construção destas plataformas digitais em saúde”, conclui.
Serviço
Hospitalar 2023- “O poder das plataformas e seu potencial transformador na saúde”
Data: 23 a 26 de maio, das 11h às 20h
Local: São Paulo Expo (1,5, Rod. dos Imigrantes – Vila Água Funda, São Paulo, Brasil)
Programação aqui.
Credenciamento aqui.
Antecipado: Gratuito. No Local: R$70,00.