O exemplo de inclusão social do Hospital Mãe de Deus
Adolescentes em situação de exclusão conquistam aprovação escolar e maior vínculo com a comunidade através de programa social do hospital de Porto Alegre
09/01/2015
O exemplo de inclusão social do Hospital Mãe de Deus
 
Perguntar-se sobre que sonhos seguir já é um desafio para qualquer pessoa. No contexto de vulnerabilidade social, pensar em ter escolhas sobre o que construir e sonhar na vida parece um privilégio ainda maior. Pensando nisso, o Hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre (RS) criou o projeto ‘O Tempo da Semeadura de Sonhos: garantindo os Direitos Humanos infanto-juvenis por meio do trabalho educativo’.
 
 
 
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A ideia foi promover o fortalecimento da convivência familiar e comunitária, contribuir para a permanência dos jovens na escola, por meio de atividades que estimulem a convivência social, a participação cidadã e uma formação geral para o mercado de trabalho. Para isso, firmou convênio com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC) e com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e, de 2004 a 2012, ofereceu a jovens considerados em situação de vulnerabilidade social, entre 14 e 17 anos incompletos, oportunidade de participar de ações que propiciam práticas de autonomia, rompendo com o ciclo de exclusão social vivenciado por eles.

Segundo o diretor do Hospital Mãe de Deus, Cláudio Seferin, a ideia do projeto surgiu do compromisso de impulsionar a imaginação dos adolescentes para além da vida cercada pela violência. “Este período, conforme o Estatuto da Criança e Adolescente, é a etapa da vida marcada por um complexo processo de crescimento biopsicossocial. Nos baseamos em duas noções fundamentais: oferecer oportunidade e garantir os direitos dos jovens”, explica. 

Para o investimento da ordem de R$ 112 mil, a entidade priorizou três eixos estratégicos: profissionais qualificados para o trabalho, oferta de uma alimentação saudável aos jovens e, por fim, a infraestrutura do espaço do projeto. Para viabilizá-lo, o hospital adotou novas rotinas administrativas com um novo critério de escolha dos seus fornecedores. “Passamos a privilegiar àqueles que realmente se responsabilizassem com os prazos de entrega dos diferentes serviços, uma vez que o projeto ocorre dentro de uma comunidade carente e de difícil acesso”, ressalta Seferin.

O grande desafio, segundo ele, foi desenvolver uma proposta inovadora que oferecesse ações contínuas de fortalecimento do vínculo dos adolescentes com o “Programa Trabalho Educativo”. Para isso, o hospital implantou o ‘Projeto Monitoria’, no qual todo o adolescente egresso do programa possa dar continuidade ao processo de desenvolvimento. “Ele constitui-se num espaço concreto de formação de sujeitos críticos, criativos, responsáveis e participativos, capazes de transformarem sua realidade e a realidade no território onde vivem, sua comunidade e o seu entorno social”, pontua o diretor. De acordo com ele, além de baixa evasão, o projeto produziu redução dos índices de violência entre jovens, de uso de drogas, de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez precoce. Boa parte dos jovens ingressou em escolas de futebol de clubes como Grêmio e Internacional ou foi encaminhado para cursos do Pronatec e Jovem Aprendiz. 

Mas os índices que enchem Seferin de orgulho são 100% de aprovação na escola regular, aumento de 45% de encaminhamentos para estágios em empresas e 95% de jovens do programa formados em cursos de informática. Para ele, além do investimento em profissionais qualificados para o programa e o fortalecimento das relações na comunidade e na escola dos jovens, o principal fator que permitiu o sucesso do projeto foi o vínculo do Hospital Mãe de Deus com as políticas públicas desenvolvidas no município, por meio de seus programas comunitários. 

Para dar continuidade a projetos dessa natureza, Seferin já planeja os próximos passos e cita os novos planos: a implantação do Projeto Humanidades, uma espécie de continuidade deste programa.
 
*Essa reportagem faz parte do estudo “Referências da Saúde 2014”, da revista Saúde Business. Para ler na íntegra, CLIQUE AQUI




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