A Dasa, maior rede de saúde integrada do país, fechou um acordo operacional com a Unimed-Rio que garante à empresa, por dez anos, 70% do valor desembolsado pela cooperativa com serviços ou R$ 308 milhões anuais, o que for maior.
Na prática, isso significa que os usuários da Unimed-Rio, assim como de todo o Sistema Nacional Unimed, atendidos no município do Rio pela cooperativa carioca, serão encaminhados para atendimento no grupo Dasa.
A Dasa já faz parte da rede credenciada da Unimed. No Rio, na área de diagnóstico a empresa atua com as marcas Alta, Sérgio Franco, Lâmina, CDPI, Bronstein e Multiimagem. Além disso, o grupo é dono dos hospitais São Lucas e Nossa Senhora do Carmo e do Complexo Hospitalar de Niterói.
Procurada, a Unimed-Rio disse que não comentaria o assunto e com isso não esclareceu se isso terá como consequência um enxugamento da rede credenciada e a redução do poder de escolha de seus usuários. Também não informou se haverá oferta de novos planos com rede preferencial Dasa.
A ata da reunião do Conselho de Administração da Dasa, de 6 de abril, que trata do assunto, explicita que o compromisso é que esse encaminhamento de pacientes seja feito pela Unimed-Rio, "suas afiliadas e qualquer outra entidade que venha suceder a Unimed a qualquer título". A cláusula deixa evidente a preocupação do grupo com a situação da cooperativa, que acumula um prejuízo operacional de R$ 1,3 bilhão, de janeiro a setembro do ano passado.
Com 753 mil clientes, a Unimed-Rio vive, de fato, uma situação complicada há anos. Um termo de ajustamento de conduta, firmado em 2016 e com vencimento em 2024, criou condições similares a de uma recuperação judicial para que a operadora pudesse atravessar uma grave crise financeira garantindo a assistência aos seus beneficiários.
A cooperativa tem 180 planos ativos e 105 com a venda suspensa por determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) diante de reclamações de problemas assistenciais.
A Unimed-Rio, aliás, ainda não publicou o relatório financeiro de 2022, apesar do prazo estabelecido pela ANS para envio dos dados ter expirado em 31 de março. Procurada, a cooperativa admitiu que está atrasada na divulgação do resultado, mas alegou que depende de realização de assembleia para o envio das informações à agência e a publicação. Não há, no entanto, nenhum edital de convocação da reunião publicado.
O acordo entre Dasa e Unimed-Rio estabelece o reajuste anual pelo IPCA dos R$ 308 milhões previstos como receita mínima do negócio. A operação tem valor total de R$ 170 milhões a serem pagos pela Dasa à cooperativa em cinco anos.
Segundo a Dasa, a primeira parcela no ato do fechamento do negócio, de R$ 50 milhões, será uma compensação de parte da dívida atual da Unimed-Rio com a companhia.
Não foi informado o valor total da dívida da cooperativa com o grupo, mas fontes próximas às negociações dizem que, na prática, não haverá desembolso por parte da Dasa e sim um "encontro de contas".
A expectativa é que o fechamento do negócio aconteça em breve. Para tanto é necessário o cumprimento de algumas condições como a criação de uma conta vinculada em garantia do pagamento e cumprimento das obrigações relacionados aos serviços, que deverá ter sempre, por obrigação contratual, saldo de recebíveis no valor mínimo de R$ 45 milhões.