Brasil tem custo do leito 28% mais alto do que os EUA
Pesquisa da UFMG aponta dificuldades dos gestores brasileiros em comparar e gerenciar custos dos procedimentos por causa das peculiaridades na assistência
07/01/2015
Brasil tem custo do leito 28% mais alto do que os EUA
 
Médicos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizaram estudo para medir aprodutividade dos leitos dos hospitais brasileirose estabelecerem comparação com os hospitais americanos, que utilizam a metodologia DRG(diagnosis related groups ou grupos de diagnósticos relacionados) para definirem o grau de risco clínico do paciente com fins de gerenciamento da qualidade assistencial-hospitalar e de custos
 
A produtividade é entendida como o tempo de utilização dos leitos, medido através dos dias de permanência de cada paciente internado, para a realização de um tratamento hospitalar. De acordo com o profesgsor de medicina da UFMG,Renato Couto, gerenciar a produtividade dos leitos com segurança para o paciente é tratar mais pacientes usando menor tempo de internação. Para ele, “tratar mais pacientes no mesmo número de leitos hoje existentes é crítico em um cenário macroeconômico de contingenciamento de custos”.
 

Números encontrados
Para a pesquisa foram analisados 145.710 relatórios de altas em 117 hospitais brasileiros, tanto do SUS quanto privados. Considerou-se o tempo em dias de permanência no leito hospitalar como o principal fator que está ligado diretamente ao custo e desempenho da produção assistencial. O estudo concluiu que a produtividade dos hospitais brasileiros estudados é 28,4% menor que a dos hospitais americanos, sendo pior para os tratamentos clínicos.

Ou seja, é possível tratar pacientes na mesma categoria de risco DRG dos pacientes estudados usando 28% a menos de leitos hospitalares. Segundo Renato Couto, a economia potencial por ganho de produtividade pode ser estimada em bilhões de reais por ano. “Apenas na saúde suplementar o custo anual da assistência hospitalar é da ordem de R$ 32 bilhões. O aumento de 28% da produtividade hospitalar é uma oportunidade de melhoria de uso de recursos no sistema de saúde nacional”, comentou. 

Na avaliação de Couto, a dificuldade de quem gerencia um hospital é comparar e gerenciar custos dos procedimentos, pois existem milhares de peculiaridades na assistência. “Por exemplo, uma cesariana realizada em uma jovem sem nenhum problema de saúde é diferente de uma cesariana em uma gestante com hipertensão, diabetes gestacional, obesa e com mais de 40 anos”, diz. 
 
Dessa forma, o professor enxerga o modelo DRG como uma saída para a falta de previsibilidade de custos que, hoje, assola o sistema de saúde brasileiro e acarreta prejuízos para todos os players envolvidos. 

Atualmente a ferramenta é utilizada em hospitais e fontes pagadoras públicas e privadas em países da América do Norte, de toda a Europa Ocidental, África do Sul, Ásia e Oceania. De olho na tendência, Couto já estudo o DRG há dez anos e faz parte de uma equipe de médicos PhDs do Instituto de Acreditação e Gestão em Saúde (IAG Saúde), com sede em Belo Horizonte (MG), que adaptou o padrão norte-americano para o sistema de codificação brasileiro. 
 




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