Fleury pode ultrapassar Dasa em diagnóstico com fusão com Pardini
19/04/2023

Um ganho extra anual entre R$ 200 milhões e R$ 220 milhões no resultado de operação da empresa (Ebtida) é o que garantirão as sinergias promovidas pela fusão dos grupos Fleury e o mineiro Pardini de medicina diagnóstica. O negócio que ganhou sinal verde do Cade na última semana, resultará numa receita combinada de R$ 7,1 bilhões, encostando na receita da Dasa, que era primeiro lugar isolado no ranking do segmento, que foi de R$ 7,09 bilhões no ano passado. O grupo da família Bueno, no entanto, tem uma receita bruta total de R$ 14,12 bilhões, somando outras áreas de atuação como hospitais.

- A tendência é que o novo bloco formado por Fleury e Pardini se torne o líder nacional em diagnósticos já em 2023. O terceiro lugar deverá ser disputado entre Aliança (ex Alliar) e Sabin, ambas com receita na casa de R$ 1 bilhão - analisa Harold Takahashi, sócio da Fortezza Partners, especializada em fusões e aquisições.

Os ganhos da fusão foram revistos para cima em 25% da estimativa inicial feita no anúncio do negócio em junho de 2022, após um trabalho de uma equipe multidisciplinar de mais 70 pessoas, das duas companhias, que em seis meses identificaram mais de 60 possibilidades de sinergias que podem trazer redução de custos e aumento de produtividade e receita a partir da combinação dos dois negócios. A expectativa é 95% dessas sinergias sejam obtidas em até três anos.

O rito final da consumação da combinação dos dois negócios acontece no próximo dia 28, quando as ações do Pardini deixam de ser negociadas e na bolsa só haverá papéis do Fleury.

Complementares geograficamente e do ponto de vista da estratégia de negócio - o Fleury é mais focado no atendimento direto ao consumidor (B2C), e o Pardini no processamento de exame para outros laboratórios (lab-to-lab) - a fusão dos dois grupos deve reforçar a estratégia de oferta às operadoras de planos de saúde de um pacote de serviços que vão do diagnóstico ao tratamento do paciente, incluindo nesse procedimentos cirúrgicos de baixa complexidade e até terapias.
 

Com fortes investimentos em tecnologia, a ideia do grupo que chega a marca de 277 milhões de exames anuais, é usar a inteligência de dados para predição de doenças e orientação de tratamento para oferecer a um mercado em crise soluções para uma jornada completa de atendimento ao paciente com menor custo e qualidade no desfecho em saúde:

- Nosso posicionamento estratégico é oferecer soluções combinadas às operadoras que ajudem na sustentabilidade do setor de saúde - diz Jeane Tsutsui, diretora-presidente do Fleury.

Jeane destaca que mais de 40 startups atuam hoje junto ao grupo na busca de atrair novos negócios e agregar valor ao existentes. E que só em 2022 o Fleury lançou mais de 600 novos produtos e serviços.

Roberto Santoro, que presidia o Pardini e agora assume a presidência da Unidade de Negócios e Suporte de Operações do grupo Fleury, diz que a nova companhia amplia o acesso a serviços em todos os segmentos, com portfólio que atende a operadoras do plano premium ao básico, alta tecnologia e acesso via marcas locais, afinal são 520 postos de atendimento aos consumidores:

- Por outro lado a alta tecnologia do Fleury estará acessível aos mais de sete mil laboratórios que atendemos. Além do aumento de produtividade local, será possível ter ganhos de escala e velocidade no atendimento fazendo processamentos de exames nos centros do grupo Fleury existentes em locais como Recife e Natal - destaca.

Novas aquisições não estão descartadas

Jeane pontua que o momento do setor exige que se pense formas de diferentes de atuação que podem passar por modelos societários, como o feito com o Pardini, ou operações coordenadas, como a join venture firmada pelo grupo com o Einstein na área de pesquisa genômica, com hospitais BP e Atlântico em oncologia e até em estruturação de planos específicos com operadoras:

 

- Já temos casos em que somos a rede diagnóstico preferencial de um plano naquela região. E isso traz benefício para o grupo, por que garante volume, mas também permite que tenhamos preço mais competitivo, maior controle da jornada do paciente, com redução de desperdício e um resultado bom resultado para a saúde do paciente.

O negócio com o grupo Pardini, de cerca de R$ 2,5 bilhões, foi fechado com 90% em troca de ações das duas companhias. Ou seja, apenas 10% O Fleury concluiu em dezembro do ano passado um aumento de capital e se diz com o caixa forte, a alavancagem do grupo é 1,2 vezes a dívida líquida, o que permite ainda analisar oportunidades de novas aquisições no mercado. O grupo fez 14 aquisições no setor de diagnóstico, entre 2017 e 2022.

-Continuamos analisando o mercado, mas estamos mais seletivos, não no mesmo ritmo de antes. O cenário hoje é outro e a prioridade é preservar e proteger a estrutura, mas estamos atento a oportunidades - afirma José Filippo, diretor executivo Financeiro e de RI do grupo.

Para Guilherme Vianna, analista do setor de Saúde da Genial Investimentos, os investimentos feitos pelo Fleury, seja no crescimento orgânico ou nas aquisições, têm mostrado uma boa performance:

- Fizeram com compras com preços que faziam sentido, têm um operacional bem estruturado e investiram numa leve mudança de mix, com o Pardini que tinha uma operação forte de suporte a laboratórios. É uma operação vista de forma positiva pelo mercado - avalia Vianna.

 

Números do novo grupo

 

 

  • Receita de R$ 7,1 bilhões
  • Ebtida de R$ 1,6 bilhão
  • 520 unidades de atendimento
  • 277 milhões de exames anuais
  • mais de 7 mil laboratórios atendidos
  • mais de 20 mil colaboradores
  • mais de 4 mil médicos



 

 





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