As telas estão cada vez mais presentes no cotidiano da população mundial, seja no trabalho, no lazer ou nos estudos. Entretanto, os impactos que elas geram na saúde ocular, qualidade de vida, condição de trabalho e produtividade, ainda são negligenciados. E a Eyecare Health, healthtech que atua nas principais frentes da oftalmologia, quer mudar esse cenário. A startup acaba de levantar R$ 13 milhões numa rodada Seed liderada pela VOX Capital, gestora do Fundo de Investimento em Participações (FIP) do Einstein. O FIP tem a missão fomentar o ecossistema de inovação em saúde, investindo em health techs que modernizam e aprimoram o acesso à saúde de qualidade.

O objetivo da startup fundada em 2019 pelos médicos Marco Antonio Negreiros, oftalmologista, e Ariadne Dias, especialista em gestão em saúde é aumentar o acesso ao cuidado e prevenção em meio ao avanço das doenças oculares na população. A Eyecare Health se posiciona como solução para o mercado oftalmológico, hoje ainda muito pulverizado, com baixa adoção de tecnologia digital e jornada de cuidado pouco integrada.

O problema abordado pela Eyecare Health é enorme. No mundo, são mais de 2 bilhões de pessoas com uma deficiência visual e, dessas, pelo menos 1 bilhão de casos poderiam ser evitados se houvesse mais cuidado e prevenção, segundo a OMS. A saúde ocular influencia o bem-estar e respinga até na produtividade. Em 2020, houve um prejuízo global estimado em USD 110 bilhões devido a problemas oftalmológicos da população – a maior parte disso foi nos países em desenvolvimento. Em 2000, a perda foi estimada em USD 40 bilhões.

Para agravar o cenário, no Brasil apenas 3,6% dos médicos formados têm a especialidade em oftalmologia, segundo a Demografia Médica da USP mais recente, e a telemedicina nessa área ainda é pouco difundida.
 

O negócio e a inovação

O aporte na Eyecare Health visa ampliar principalmente a linha B2B ‘Benefício Visão’, cuja proposta é realizar triagem nos colaboradores da empresa-cliente, seguido de teleatendimento e exames virtuais para detectar possíveis doenças oculares. Após os testes, o colaborador é informado se precisa de atendimento oftalmológico mais específico, que pode acontecer de forma online ou presencial.

Para o formato online, a healthtech criou uma tecnologia pioneira no Brasil. “Diferente da telemedicina comum, durante o atendimento em nossa plataforma, além da anamnese convencional, é possível avaliar a acuidade visual (que indica a clareza e nitidez de visão), exame de motilidade ocular, teste de cores e reflexos fotomotores, por exemplo”, destaca Marco Antonio Negreiros, oftalmologista e sócio fundador.

Já a consulta presencial ocorre em clínicas que são clientes da Eyecare Health na linha de negócios SaaS, retroalimentando positivamente o ecossistema. Além disso, um assistente virtual fica disponível para auxiliar os pacientes em emergências, como vermelhidão intensa, dor ocular e mudança súbita na visão e, se necessário, encaminhamento para consulta com o oftalmologista.

Atualmente, cerca de 60% do faturamento é proveniente do SaaS e derivados utilizados em clínicas e hospitais, e 40% são oriundos do programa de benefício para empresas. A ideia é de que, no futuro, a proporção seja similar entre as duas linhas de atividade.

Rodrigo Demarch, diretor executivo de Inovação do Einstein, afirma que “é importante fomentarmos a inovação para promover conhecimento e desenvolver produtos e serviços que ampliem o acesso à assistência de saúde de qualidade. “Além disso, as startups contribuem para uma mudança na cultura da própria organização. Hoje temos mais de 80 startups se relacionando com o Einstein, interagindo com o corpo clínico e com pesquisadores”, diz.

Sobre o investimento na Eyecare Health, Marcos Olmos, sócio-diretor na VOX Capital e à frente da gestão do FIP do Einstein, argumenta que “o modelo transversal da Eyecare serve como o ponto de referência do paciente desde a identificação dos problemas até o acompanhamento. A solução da empresa propicia agilizar todo o processo e impulsionar a qualidade e adesão aos cuidados necessários. É um investimento alinhado à tese de modernizar a saúde oftalmológica no país”.