A Fiocruz assinou nesta quinta-feira, 13 (noite do dia 12 no Brasil), um acordo com o Centro de Excelência CAS-TWAS para Doenças Infecciosas Emergentes (CEEID, na sigla em inglês). O Memorando de Entendimento para a criação do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisa e Prevenção de Doenças Infecciosas foi assinado no Instituto de Microbiologia, em Pequim, pelo seu diretor Wei Qian e pelo presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
O centro terá uma sede em Pequim e outra no Campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro. As instalações de Manguinhos devem ser construídas até o final de 2024 e o início das atividades deve ocorrer em 2025.
O centro de estudo atuará para fortalecer a cooperação na área de ciência e tecnologia relacionada à saúde, com foco na prevenção e controle de pandemias e epidemias, tais como, Covid-19, influenza, chikungunya, zika, dengue, febre amarela, oropouche e outras doenças infecciosas, como a tuberculose.
Além disso, buscará desenvolver bens públicos de saúde global, como testes de diagnósticos rápidos, terapias, vacinas e fármacos.
Entre as doenças que serão estudadas, algumas atingem os dois países, como a Covid-19. Outras, mais o Brasil, como a febre amarela, mas que vem atraindo o interesse chinês. Com o aumento de obras chinesas de infraestrutura na África, alguns de seus trabalhadores têm contraído febre amarela – uma enfermidade para a qual a Fiocruz tem know-how, já que produz a vacina. Por outro lado, China e Índia produzem grande parte do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) usado no mundo. E o Brasil pode aprender com eles.
O acordo ocorre por ocasião da primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, ressaltando a reaproximação entre os dois países. Ainda segundo a Fiocruz, as tratativas para firmar a parceria começaram antes da pandemia, mas houve atrasos devido à emergência sanitária e por questões políticas. Com a eleição de Lula e a reaproximação entre Brasil e China, o Memorando de Entendimento (MdE) tomou novo impulso.
Na cerimônia de assinatura, a CAS-TWAS destacou que a visita de Lula e a assinatura do acordo mostram a importância de uma parceria ampla e de alto nível para os dois países.
Já o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, disse que a cooperação sino-brasileira em ciência e saúde alcança outro patamar com esse acordo. “A pesquisa conjunta em doenças infecciosas nos laboratórios chineses e brasileiros, a troca permanente de experiências e conhecimentos, a qualificação ainda maior da vigilância epidemiológica ganham com o fortalecimento da nossa ciência e capacitam mais os países na preparação para novas emergências sanitárias, cada vez mais comuns”.
Moreia reforçou também que, a fundação compartilha com a Academia Chinesa de Ciências (CAS) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS) a visão dos bens de saúde como bens públicos, tais como vacinas, medicamentos e testes diagnósticos. “O desenvolvimento e produção desses bens precisa se descentralizar e servir ao fortalecimento dos sistemas de saúde para diminuir a vulnerabilidade global. Vamos caminhar juntos nessa direção que fortalece a posição internacional da Fiocruz”, pontuou.
Com a assinatura do memorando, as instituições deverão formar um grupo de trabalho para implementar o centro de estudos nos dois países. Cada sede funcionará com pesquisadores das duas nacionalidades. Nelas, serão desenvolvidos trabalhos de pesquisa básica e translacional, pesquisa clínica, treinamento e investigação, comunicação internacional e intercâmbio de pesquisadores. Serão realizados projetos de pesquisa conjunta; formação e desenvolvimento de recursos humanos em diferentes níveis (como técnico, mestrado, doutorado e pós-doutorado).
É previsto também o intercâmbio de informações, tecnologia e materiais; organização de seminários e conferências; publicações conjuntas de artigos científicos; desenvolvimento tecnológico de novas vacinas, anticorpos terapêuticos e medicamentos para doenças infecciosas agudas e crônicas; e colaborações em medicina tropical. “Este acordo reforça a cooperação em saúde pública”, comentou Shi Yi, diretor-executivo do CEEID que mediou a série de seminários entre Fiocruz e a Academia Chinesa de Ciências no ano passado.
“A importância maior desse memorando é que pela primeira vez vamos estabelecer dois centros físicos, que serão usados por pesquisadores brasileiros e chineses. Estamos transformando eventos que eram de curta duração, como as visitas de pesquisadores, em atividades permanentes”, afirmou o coordenador do CDTS, Carlos Morel, que participou da elaboração do memorando.
Morel afirmou ainda que até a inauguração dos centros de estudos, serão abertos programas de intercâmbio, de treinamento e recrutamento de pessoas. “Há muitos pesquisadores chineses querendo vir para cá. Mas não é tão fácil encontrar brasileiros querendo ir. Primeiro, é preciso algum tempo para estudar a língua, apoio para arrumar apartamento. Tudo isso a gente vai discutir até a inauguração”, pontuou.
Durante esse período, os dois países também buscarão apoio da iniciativa pública e da privada.
O centro terá uma sede em Pequim e outra no Campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro, O de Manguinhos deve ser construído até o final de 2024 e ter as atividades iniciadas em 2025.
Segundo a Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), doenças infectocontagiosas são aquelas de fácil e rápida transmissão, provocadas por agentes patogênicos. Em alguns casos, é necessário um agente intermediário, transmissor ou vetor. No caso da dengue, por exemplo, o agente transmissor é o mosquito. Alguns exemplos de doenças infectocontagiosas são: