Quando falamos sobre custos , ainda mais na saúde, há muitas discussões de como essa questão pode ser reduzida sem deixar de lado a qualidade no atendimento, acesso a tratamentos, exames ou medicamentos. Para se ter uma ideia, de acordo com a Análise Especial da Nota de Acompanhamento de Beneficiários nº69, desenvolvida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), as despesas assistenciais no Brasil cresceram 24,3% no final de 2021, se comparado com o mesmo período em 2020, passando de R$166 bilhões para R$206 bilhões. Já o número de beneficiários de planos de saúde de assistência médico-hospitalar aumentou 3%, de 47 para 49 bilhões.
Esses dados refletem o período pós pandêmico que vivenciamos. Quando o isolamento social foi a medida protetiva para tentarmos livrar a disseminação do coronavírus, houve uma queda significativa na procura de serviços médicos hospitalares, devido ao medo da contaminação. Essa diminuição resultou também em menores despesas assistenciais. Porém, esse número voltou a subir à medida que os beneficiários voltaram a utilizar os serviços médicos.
Pegando como gancho a questão da pandemia, que apesar de ter sido uma das piores crises sanitárias já vivenciada no mundo, também foi um marco na questão de implementação de novas tecnologias. Podemos dizer que tivemos avanços e desafios no sistema de saúde suplementar, que viu ainda mais a importância do acompanhamento e assistência integral aos pacientes, tanto na prevenção quanto no tratamento de doenças. A telemedicina, por exemplo, cresceu no período e trouxe a saúde para mais perto das pessoas, que passaram a contar com equipes de referência em cuidados médicos principalmente na atenção primária 24 horas por dia e em poucos cliques.
Com a sanção da Lei de Telessaúde nº 14.510 de 2022, que autoriza a prática em todo o território nacional, os profissionais de saúde puderam ter mais autonomia e o setor também ganhou grandes aliados com mais soluções inovadoras oferecidas pelas healthtechs. Para se ter uma ideia, de acordo com a pesquisa feita pela Distrito, plataforma que conecta soluções para startups, o Brasil soma 1.023 startups de saúde, representando um aumento de 60% quando comparado com o ano de 2016. Esses dados são completamente animadores e reforçam que ainda há um enorme caminho a ser percorrido quando o assunto é a implementação de novas ferramentas que visam acompanhar do começo ao fim os pacientes, com o intuito de proporcionar um atendimento mais seguro, humanizado e acolhedor.
Quando trazemos para a discussão o sistema de Atenção Primária à Saúde (APS), por exemplo, muitas vezes ela acaba ficando em segundo plano em relação às doenças graves por ser focada em cuidar das pessoas e não apenas tratar doenças ou condições específicas. Mas acredito que esse ponto precisa ganhar mais relevância e ser a preocupação de muitas operadoras de planos de saúde e de empresas ligadas à Medicina Ocupacional. Uma ação especializada em atenção primária em saúde (APS) não somente reduz burocracias e fluxos, como também aumenta a resolutividade e otimiza custos e beneficia os pacientes, que passam a ter profissionais de referência para serem seus assistentes pessoais de saúde.
De fato, ter um atendimento customizado é fundamental para a prevenção e tratamento de doenças. Isso faz a diferença não somente no atendimento, como diminui desperdícios, evitando duplicidade de consultas, exames e melhora os fluxos da gestão de saúde. Consequentemente, implica na redução de despesas e ambos os lados ganham com esse acompanhamento personalizado e humanizado, tendo a oferta de mais saúde em menos tempo, sem sair de casa. Desejo que no futuro a saúde seja um direito universal para todos.