Com cerca de 92% dos atendimentos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), a Fundação Cristiano Varella – Hospital do Câncer de Muriaédesenvolveu um projeto de reestruturação do serviço de faturamento que logo conseguiu redefinir as bases e motivar a alteração do contrato com o serviço público.
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A participação do SUS, com sua regulamentação específica, acaba por exigir uma gestão financeira bastante sofisticada e eficiente, que garanta a sustentabilidade do hospital. Nesse sentido, a avaliação da entidade era de que muitas vezes esse panorama faz com que a administração se atente muito às políticas de redução de custos, deixando em segundo plano o processo de faturamento. Foi aí que surgiu a intenção de desmistificar essa lógica.
De cara, no início do projeto que foi realizado entre os meses de janeiro de 2012 e 2013 e que custou um total de R$ 84 mil, foi verificado um aumento significativo no número de procedimentos prescritos pelos profissionais de assistência, decorrentes do aprendizado sobre o uso das tabelas do SUS e registro nos softwares. Depois, a média mensal desses procedimentos gerou um aumento do faturamento em cerca de R$ 63,2 mil por mês. Ainda assim, como o teto financeiro firmado com o SUS já era ultrapassado, não houve impacto na geração de caixa.
Depois, passados 18 meses do começo da iniciativa, a revisão contratual entre o SUS e o hospital – o processo chamado de contratualização – mostrou o quão importante foi a reestruturação da forma de faturar: comprovada a necessidade de revisão orçamentária, o contrato para os serviços de média complexidade cresceu R$ 219 mil por mês.
No projeto foram envolvidos todos os profissionais da equipe de atendimento, as secretárias com as equipes de faturamento, configuradas ferramentas e contratada uma consultoria para revisar o sistema. “Vivíamos um momento de muito crescimento, com profissionais entrando na instituição sem ainda ter o conhecimento de como usar o controle interno da instituição”, diz o diretor-administrativo do hospital, Sérgio Dias Henriques.
“Foi muito bacana porque é muito comum as pessoas acharem que só médico gera receita. O pessoal da enfermagem não tinha conhecimento que alguns procedimentos que eles realizam podem gerar receita, assim como a nutrição, a psicologia... Depois de gerenciar os relatórios e mostrar o tamanho do impacto na receita, eles passaram a ter um envolvimento muito maior com essa parte administrativa”, acrescenta.
O gestor reforça que o projeto envolveu diversos setores da casa: enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos e assistentes sociais, bem como a equipe do Serviço de Faturamento e da TI. Foi contratada também uma consultoria especializada da empresa proprietária do software ERP para auxiliar na integração dos processos. E ainda uma equipe de cinco secretárias de andar foi incorporada ao Serviço de Faturamento, assumindo funções para controle, inspeção e conferência de documentos in loco, em tempo integral, diretamente nos locais onde os procedimentos são realizados.
Apesar do sucesso na empreitada, Henriques também lembra que o aumento no valor do contrato não se deve exclusivamente ao projeto, já que o período também apresentou um aumento de cerca de 12% nos novos casos de câncer e 14% no total de atendimentos realizados. “A gente apresenta uma média de 15% a 20% de crescimento e, pelo que vimos até outubro de 2014, o ano vai manter esse patamar”, finaliza.