As contratações de planos de saúde médico-hospitalares apresentam sinais de desaceleração, em sintonia com o fraco desempenho da economia. A constatação está no boletim "
Saúde Suplementar em Números", produzido pelo
Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (
IESS).
A contratação de planos de saúde médico-hospitalares cresceu 2,8% entre setembro de 2014 e o mesmo mês do ano anterior. Houve, em números absolutos, acréscimo de 1,4 milhão de beneficiários, o que equivale a praticamente toda a população de Porto Alegre (1,47 milhão de pessoas). Com o resultado, o total de vínculos chegou a 50,6 milhões. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional recuou 0,2%.
Queda de ritmo
O boletim constata que, considerando as comparações dos terceiros trimestres de 2010 a 2014, a taxa de crescimento em 12 meses do total de beneficiários cedeu de 5,9%, em 2010, para 2,8%, em 2014. Essa desaceleração na taxa de crescimento acompanhou o menor ritmo do crescimento do PIB no período.
De acordo com o superintendente-executivo do IESS,
Luiz Augusto Carneiro, o momento econômico é de incerteza. Se a economia melhorar, o mercado de planos de saúde acompanhará o crescimento.", afirmou em nota ao mercado.
Ele explica que, embora as contratações dos planos registrem crescimento superior ao PIB, observa-se uma desaceleração consideravelmente acentuada entre o terceiro trimestre de 2010 e o mesmo período de 2014.
A desaceleração se mostra de forma mais acentuada na contratação de planos coletivos empresariais, aqueles que são disponibilizados pelas empresas para os seus funcionários. Esse tipo de plano saiu de um patamar de crescimento de 11,1 %, no terceiro trimestre de 2010 em comparação ao mesmo período do ano anterior, para uma alta de 3,8%, no terceiro trimestre de 2014.
No terceiro trimestre de 2013, o crescimento foi de 6,4%. "O índice de 3,8% ainda é alto, mas já foi melhor", explicou Carneiro.
Carneiro explica que o crescimento ainda alto dos
planos coletivos empresariais se deve ao fato de que, apesar da retração do PIB, o saldo líquido de criação de postos de trabalho tem se mantido positivo (ainda que também esteja crescendo em ritmo bastante inferior ao registrados em períodos anteriores). Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, indicam a criação de pouco mais de 290 mil vagas de trabalho no terceiro trimestre de 2014. Para Carneiro, o benefício do plano de saúde é fundamental para a atratividade e retenção de talentos nas empresas. Dessa forma, é compreensível que esse tipo de plano continue crescendo, “mas a persistente desaceleração da economia pode indicar uma tendência de desaceleração do setor".
Outro ponto de destaque é que a contratação de planos de saúde tem apresentado maior impulso para a população com 59 anos ou mais. Na comparação entre o terceiro trimestre de 2014 e o mesmo período de 2013, o total de beneficiários com 59 anos ou mais cresceu 4,6%. No mesmo período, o total de beneficiários com idade entre 19 e 58 anos avançou 2,8%, e o de beneficiários com até 18 anos, 2%.
O comportamento, com a última faixa etária crescendo em ritmo superior as demais, é constante desde março de 2013 (18 meses, portanto). Reflexo do envelhecimento da população brasileira, que já conta com 11,3% de pessoas com 60 anos ou mais, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda de acordo com o IBGE, a população de idosos deve alcançar 18,6% do total já em 2030, o que levanta questões sobre o impacto do envelhecimento na saúde suplementar, na saúde pública e, também, na previdência.