Ações da Profarma sobem 31% após comprar três varejistas em 13 dias
Valor Econômico
04/02/2013


Ações da Profarma sobem 31% após comprar três varejistas em 13 dias

Por Marina Falcão | De São Paulo

Desde que anunciou a sua estreia no varejo com a compra da Farmalife e da Drogasmil, há duas semanas, as ações da Profarma acumulam alta de 31% na bolsa. Só ontem, após comunicar a aquisição da rede Tamoio, os papéis subiram 12%, comportamento que reflete um ajuste de avaliação do mercado em relação ao modelo de negócio da empresa.

Tradicional distribuidora de medicamentos, a Profarma comprou três redes varejistas de farmácia em apenas 13 dias. Diante disso, os investidores entenderam que companhia passou a ter um modelo de negócio mais comparável ao de Raia Drogasil e Brazil Pharma.

 

 

Na prática, o mercado passou a aceitar um preço mais caro para as ações da Profarma. A empresa ficou mais exposta ao varejo, segmento em que as margens são menos apertadas do que no atacado e onde a perspectiva de crescimento é melhor.

Ainda é difícil precisar "quão varejista" a Profarma se tornou. Os executivos da companhia, em teleconferência com analistas ontem, disseram que a empresa é "mista" e que a entrada no varejo é uma "diversificação" do seu negócio original.

A diferença de preço entre as ações da Raia Drogasil e BR Pharma e da Profarma na bolsa ainda é enorme, embora tenha diminuído com a alta das ações nas últimas semanas. Ontem, enquanto os papéis da Brazil Pharma negociavam a 27 vezes o lucro projetado para dezembro de 2013 (P/L), os da Profarma valiam 10 vezes, de acordo com a Bloomberg. A Raia Drogasil negociava a 29 vezes pelo mesmo indicador.

O fato concreto é que a operação de varejo da Profarma nasceu com um porte relevante. Juntas, Farmalife, Drogasmil e Tamoio somam 140 lojas e faturaram R$ 645 milhões no ano passado, posicionando Profarma entre as dez maiores varejistas do setor no Brasil.

A companhia teve receita líquida de R$ 3,3 bilhões em 2011, balanço anual mais recente disponível. Com margem líquida abaixo de 1%, o ganho final foi de menos de R$ 30 milhões.

O gasto com aquisições da Profarma no varejo totalizam, por enquanto, R$ 192,4 milhões. De forma geral, o mercado entendeu que a empresa fez bons negócios. No caso da Tamoio, "os múltiplos da operação foram abaixo do que negociam hoje Raia Drogasil e Brazil Pharma e um acima do múltiplo da companhia [Profarma]", afirmaram analistas da Votorantim Corretora.

Com o desembolso de caixa, a alavancagem da Profarma, medida pela relação dívida líquida/ Ebitda, subirá para a faixa entre 2,5 e 2,7 vezes, de acordo com diretor financeiro e de relações com investidores, Max Fischer.

Alguns analistas ouvidos pelo Valor disseram que é preciso ficar atento ao aumento da alavancagem da empresa, mas que a piora no nível de endividamento teve motivações são legítimas. Afinal, a migração para o varejo era a única saída para a Profarma. A companhia estava de braços atados num segmento que pouco crescia, já que as grandes redes hoje negociam diretamente com a indústria. Por enquanto, Fischer descarta a possibilidade de uma capitalização da Profarma nos próximos doze meses. (Colaborou Karla Spotorno)



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