Como parte de sua estratégia de avançar no mercado de hospitais, a Bradesco Seguros fechou uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein para a construção de um hospital geral com 300 leitos na zona sul da cidade de São Paulo. O empreendimento demandará investimentos de R$ 600 milhões.
O projeto integra o braço de negócios batizado de Atlântica Participações, criado em 2021 pela Bradesco Seguros para investir em hospitais. Trata-se de um segmento do setor de saúde que passa por uma forte consolidação e tem representantes como Rede D’Or, Mater Dei, Kora, entre outros.
A parceria coloca para dentro do jogo de consolidação a Bradesco Seguros e o Einstein, que em 2021 fez a primeira aquisição de um hospital em Goiás e em dezembro anunciou um investimento de R$ 1,2 bilhão numa unidade exclusiva para tratamento oncológico. Já a Bradesco Seguros é dona da líder em seguro saúde, além de ser a maior acionista do grupo de medicina diagnóstica Fleury, da operadora de planos odontológicos OdontoPrev e da empresa de tecnologia de saúde Orizon.
A gestão médica e administrativa do novo hospital ficará a cargo do Einstein. Essa unidade não terá a bandeira Einstein, e sim, uma referência de que é administrada pelo hospital.
“Vamos ter todas as especialidades médicas, inclusive, maternidade e pediatria [áreas que vêm sendo deixadas de lado por muitos hospitais]. Temos experiência em gestão com o hospital privado de Goiás, que começamos como consultoria e depois compramos, e na área pública”, disse Sidney Klajner, presidente do Albert Einstein.
O Einstein é responsável pela gestão de três hospitais públicos, que juntos possuem 900 leitos — um número superior aos 700 leitos de sua unidade privada localizada no bairro do Morumbi.
No novo projeto, a construção do hospital ficará a cargo da Bradesco, por meio da Atlântica. As obras estão previstas para ser concluídas em 2027 e a unidade será erguida num terreno que pertence ao grupo Bradesco. O empreendimento fica perto da estação do metrô Ana Rosa, próxima da Avenida Paulista, reduto de vários hospitais de primeira linha em São Paulo, o que acaba atraindo médicos.
“Não estamos verticalizando a seguradora, é um investimento do grupo. Vamos trabalhar com outras operadoras e atender planos de saúde que não cobrem o Einstein”, disse Carlos Marinelli, presidente da Atlântica Hospitais e Participações, que deterá o controle do empreendimento, com participação de 51%.
O aporte de R$ 600 milhões será destinado para construir e equipar o hospital, que contará com 20 salas de cirurgia com tecnologia robótica, além de áreas para hemodiálise, infusão e medicina diagnóstica. Tanto o Einstein quanto a Atlântica estão usando recursos próprios para a empreitada.
A estratégia da Bradesco Seguros contempla também a aquisições de hospitais, o que acelera a entrada nesse mercado. A construção de um hospital do zero leva pelo menos três anos. Segundo fontes do setor, o grupo vem analisando vários ativos para compra, inclusive fora de São Paulo, mas o atual cenário de juros altos vem sendo um impeditivo para todo o mercado, que freou fortemente o movimento de aquisições do ano passado para cá.
O novo hospital é a segunda iniciativa da Atlântica. No ano passado, se juntou à BP — Beneficência Portuguesa e ao Fleury para a criação de uma empresa especializada em oncologia, com clínicas e hospitais. O investimento planejado, em cinco anos, é de R$ 678 milhões, sendo que cada um dos sócios terá participação de 33% na joint venture..
Nesse projeto, há uma integração dos negócios das três empresas. Os pacientes das clínicas de São Paulo que necessitarem de cirurgia podem, por exemplo, ser encaminhados à BP. Em outros Estados, a ideia é que haja hospitais próprios ou serão fechadas parceria com outros “cancer center” (que oferecem tratamento integrado com outras especialidades médicas).
Já os laboratórios do Fleury podem realizar exames para os pacientes da empresa de oncologia. Além disso, as clínicas médicas Novamed, que também pertencem à seguradora de saúde Bradesco, podem no futuro se integrar à Atlântica.
Atualmente, por meio de aquisições ou parcerias, os grupos de saúde têm buscado estar presentes em toda a cadeia do setor. De um lado, o objetivo é controlar melhor os custos médicos, cujos reajustes sempre ficam em patamares bem acima da inflação. De outro, é uma forma de fazer frente à concorrência das operadoras verticalizadas — segmento em que a principal competidora é a Hapvida, que se uniu à NotreDame Intermédica, criando uma megacompanhia.
Em outro movimento relevante para o setor, a líder do segmento hospitalar, Rede D’Or, obteve aval das autoridades reguladoras para se unir à SulAmérica (concorrente direta da Bradesco Seguros na área de saúde).